Hoje é o último dia do Indie Prize , que rola dentro da Casual Connect – evento voltado para conectar desenvolvedores de games indies com a indústria que está rolando em Amsterdã desde quarta feira, dia 04/02.  O evento apresentou 120 indie games de 40 países, entre eles o Brasil muito bem representado pelo jogo Fruits’n Tails, da Mukutu Game Studio.

Fruits’n Tails é um puzzle viciante em que o jogador usa as caudas dos macacos Ticelli, Vince, Ludovico e Sanzio para pegar as frutas da floresta e transformá-las em tinta para ajudar ninguém menos que Leonardo da Vinci. O game já conquistou o prêmio de ‘Melhor Aplicativo’ no BRIO – Prêmio Brasil Digital 2013 e agora foi o único brasileiro selecionado para estar em Amsterdã esta semana.

A co-fundadora da Mukutu, Ludmilla Rossi, bateu um papo direto do evento com o Bonus Stage sobre a experiência de fazer parte do evento.

Bonus Stage –  Quais semelhanças e diferenças entre a produção indie brasileira e do resto do mundo vocês observaram aí no evento?

Ludmilla – Olha, tem uma coisa interessante que notei conversando com um indiano: é meio que aí no Brasil a gente acha que todo game tem que ser um Angry Birds ou dar muita grana. Aqui eles têm muito mais noção que um jogo vai render o suficiente pra manter um pequeno estúdio e fazer mais um jogo. A qualidade dos indies em geral que vi aqui é fabulosa, e eles têm uma mensagem de resiliência bem forte também: aconteça o que acontecer, não desista.

Bonus Stage – Você sente então que os indies estão se encontrando como identidade e linguagem únicas, ao invés de tentarem ser como os AAA’s?

Ludmilla – Sim, achei isso bem claro por aqui. Um jogo que achei que expressa isso de uma forma legal chama-se Amphora, do estúdio Moondrop.

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Bonus Stage – Como o Fruits’n Tails foi recebido?

Ludmilla – Falei com muita gente, de publishers a estudantes, de artistas a executivos. A recepção foi muito boa, recebemos muitos elogios pela estética e pela mecânica. As pessoas ficam surpresas com a questão da mistura das cores. Acharam divertido.

Bonus Stage – A experiência vai inspirar jogos futuros? O que vocês vão trazer de mais importantes do evento para a produção da Mukutu?

Ludmilla – A gente vai revalidar o modelo de negócios do Fruits’n Tails. E é bem provavel que a gente faca isso submetendo para algumas pessoas que conhecemos aqui.

Bonus Stage – Essa semana o novo ministro da cultura Juca Ferreira declarou para o site Geração Gamer que quer “mostrar que os videogames são uma economia possível para o Brasil”. Que sugestões você daria ao ministro em relação a políticas públicas voltadas para os games?

Ludmilla – Experimentação em uso de temáticas mais voltadas ao impacto social. Mas que não sejam jogos chatos, que sejam jogos divertidíssimos com boas mensagens intrínsecas. Outra ideia é fazer uma ação cruzada: que todo filme nacional tenha uma verba para a produção de um game conseguindo assim fazer com que os projetos já saiam com uma definição transmídia. Um exemplo: o filme “Uma história de amor e fúria”, de 2013 retrata de uma forma bem interessante a questão da crise hídrica. Um jogo assim traria um impacto fantástico para esse momento.