Como passo muito tempo no transporte público, estou sempre em busca de novos jogos mobile para distrair. Na temática lovecraftiana, que eu amo, já tinha tentado o Cthulhu Virtual Pet sem grande sucesso, porque o Cthulhu é muito chato e notifica toda hora, que bicho insuportável, não sei como tem cultistas ainda. Foi mais ou menos quando decidi que se depender de mim Cthulhu vai dormir em R’lyeh para sempre que fui apresentada ao Elder Sign: Omens, uma adaptação de um jogo de tabuleiro da famosa Fantasy Flight, disponível para Android, iOS, PC e Mac.
No jogo, seu objetivo é escolher e coordenar uma equipe de quatro investigadores típicos do universo de Lovecraft (uma pesquisadora, um detetive, um curioso, entre outros) para completar desafios dentro de um museu e coletar os Elder Signs, antes que alguma criatura maligna desperte. As tarefas são completadas através da rolagens de dados, e a equipe escolhida para a partida influencia bastante a estratégia já que cada pesquisador tem uma habilidade especial. Por isso é preciso cuidado e planejamento na hora de escolher os desafios, porque eles podem render bons itens ou matar seu personagem em caso de falha. Apesar da sorte ser importante, o jogo é difícil e demanda bastante raciocínio e atenção. Um errinho ou habilidade mal aplicada acaba facilmente com toda a partida.
Infelizmente, o game abusa das vendas internas no aplicativo: os monstros mais legais, como o Cthulhu, são comprados separadamente. Acharia OK se o jogo fosse gratuito, mas como não é o caso, eu acho bem abusivo pagar justamente pelo monstro que deveria ser a atração central do game, além de boa parte dos investigadores. Não tive dificuldade em vencer os três monstros do pacote inicial e só fui ter algum desafio ao comprar o Cthulhu. Ou seja, só comecei realmente a me sentir engajada na parte estratégica do jogo quando já tinha pagado por ele duas vezes. Mas, como ponto positivo, a aventura do Cthulhu é realmente difícil e tem se mantido um bom desafio a cada vez que jogo.
O visual do jogo é bonito e cumpre sua função e a jogabilidade, apesar de um pouco complexa do ponto de vista estratégico, é bem simples na mecânica. Se você não gostar de quebrar a cabeça, fuja: vai ficar entediado rolando e rolando dados e mais nada, já que toda a diversão está no planejamento. Eu que amo boardgames adorei. Mas claro que faz falta também a dinâmica de conversa da mesa de jogo.
Apesar de ter gostado do jogo no geral, tenho que fazer a ressalva que, como fangirl do Lovecraft eu torça bastante o nariz para jogos que apresentam criaturas como o Cthulhu como capazes de serem derrotadas por artifícios humanos, já que isso está bem longe da concepção original do personagem. Esse vídeo do Extra Credits explica bem a questão!