Um avião de pequeno porte sobrevoa uma ilha no Mediterrâneo, onde 2 passageiros munidos dos mais diversos tipos de armas e explosivos precisam chegar a seu destino, se protegendo das baterias anti-aéreas ativadas por sobrevoarem o local sem autorização. A melhor forma de fazer isso? Subir em cima do avião e explodir prédios, caças e as tais baterias com uma bazuca, claro.
Esses são os primeiros minutos de Just Cause 3, novo título da série desenvolvido pela Avalanche Studios com distribuição da Square Enix, adquirida após a aquisição da Eidos Interactive. Depois de 5 anos do lançamento de seu antecessor, Rico Rodriguez – o agente especializado em destruir governos totalitários – está de volta: não só para mais uma missão, mas para o seu lar. Após os eventos de Just Cause 2, Rico está fora da Agência e volta para a fictícia Medici, uma ilha localizada no Mar Mediterrâneo que vive sob o governo militar do General Di Ravello. O pequeno país é uma gigantesca reserva de bavário, um tipo de minério raro utilizado para os mais diversos fins, inclusive explosivos. O povo, que vive na pobreza, se organiza em milícias revolucionárias para acabar com o governo opressor de Di Ravello, e a chegada de Rico a sua casa é um trunfo para a causa.
Com a proposta de um mundo aberto, Just Cause 3 pode incomodar os jogadores no início, mas para uma boa causa. Para os não familiarizados à série, a primeira hora do jogo funciona como uma espécie de tutorial onde o personagem, entre missões dignas de um filme de ação, aprende a utilizar suas armas e seus itens – um paraquedas, uma wing suit e o já icônico gancho (provavelmente o que você mais vai utilizar), além de nos apresentar os outros personagens, cruciais para o desenrolar da história.
A Avalanche Studios fez um excelente trabalho com o cenário de Medici – talvez uma herança do bom trabalho feito em Mad Max? – com um visual estonteante e com quase tudo destrutível. Jogue granadas perto de árvores e com pouco esforço você pode abrir uma clareira. A melhor arma? Com certeza os RPGs, cuja munição são extremamente fáceis de encontrar. Nas missões de dominar pontos chaves das cidades, a melhor forma é atirar nos tanques de combustíveis.
Tudo isso porque Just Cause 3 é um jogo sobre explosões e muita, muita destruição – você deve ter percebido isso no começo do texto quando você defende o seu avião ‘surfando’ com uma bazuca. E se você está aberto a exageros do tipo, então você vai se divertir muito com a galhofa que o jogo te proporciona. Esqueça estratégias de invasão a la stealth, como as adotadas em jogos como Far Cry e o recente Metal Gear Solid V: The Phantom Pain. Em Just Cause 3 é tiro, porrada e (muita) bomba, literalmente.
Além da missão principal que é, basicamente, dominar cidades e acabar com o governo do general opressor, Medici é um mundo aberto bem intencionado e com boas características, mas que poderia trazer ainda mais elementos a serem explorados. Você também pode enfrentar desafios, como voar a maior distância possível com sua wingsuit, ou também levar veículos para as garagens especiais da rebelião – algo interessante, pois isso desbloqueia os mais diversos tipos de carros, motocicletas e até helicópteros para uma entrega rápida. Aliás, tente as corridas também. Desafios são legais, mas com o tempo ficam enjoativos e desnecessários.
O jogo também tem um sistema interessante de customização, que vai desde seus itens principais como o seu gancho até aos veículos, tornando seu arsenal ainda mais destrutivo e eficaz. Tudo o que você faz de secundário serve para algo e te trás benefícios, e quebra um pouco o ritmo repetitivo na missão principal. Se estamos em um mundo aberto, por que não explorá-lo? E porque não explodir tudo e ganhar pontos por isso?
A qualidade gráfica fica completamente atrelada a isso, mas pouco incomoda os mais entusiasmados à nova geração. Os cenários são incríveis, principalmente quando visto das alturas – não é à toa que o jogo demora tanto para carregar – mas alguns detalhes como as texturas dos personagens, veículos e até mesmo armas mereciam um polimento e ajustes melhores. O mesmo não pode ser dito quanto à trilha sonora, que não só mal aproveitada pode também desagradar principalmente com a dublagem brasileira.
Encare o jogo como um filme de ação estrelado por Jason Sthatam, com a direção de Michael Bay em uma espécie de Mercenários com Velozes e Furiosos: você vai ver coisas absurdas – como surfar um avião com uma bazuca – que vão desde sobrevoar usinas com um paraquedas, atirando a torto e direito em tudo o que vê pela frente, algo já esperado para quem conhece os jogos anteriores da série.
Just Cause 3 pode não ser um jogo grandioso e tem problemas simples na jogabilidade – tente mirar nos soldados inimigos e você vai entender – mas cumpre muito bem em sua proposta: desconstruir o modo como jogamos. É o bom e velho mais-do-mesmo que mantém o mesmo formato dos jogos anteriores, mas cumpre bem em ganhar o público típico de jogos como Grand Theft Auto: dar ao jogador todos os absurdos possíveis em missões mais absurdas ainda, ao melhor estilo “faça o que você quiser”. Andar sobre mísseis e explodir uma nação nunca foi tão divertido.