Laços foi o segundo título lançado pelo selo Graphic MSP, lançado em maio de 2013 – na oportuna ocasião do aniversário de 50 anos da Mônica. Com roteiro e arte dos irmãos Cafaggi, é uma história claramente inspirada nos filmes reprisados à exaustão na Sessão da Tarde, lançados ali pelos anos 80.
Se Magnetar tematizou a solidão e a pequenez diante do imenso inexplorado, Laços se centra em um tema mais cotidiano e recupera os vários sentidos da palavra que estampa a capa. A abertura da graphic novel, banhada em tons de sépia, dá o tom de lembrança e nostalgia e conta o encontro entre Cebolinha e Floquinho. Além de despertar a empatia pelo cãozinho simpático que some com tudo no seu vasto pelo verde, a sequência serve também para adiantar o mote da história: Floquinho se perde e a turminha parte em missão para encontrá-lo.
Laços fala de companheirismo, de lealdade, e da capacidade de sobrepujarmos diferenças de opinião em prol de um objetivo em comum. Mas não é só isso. Além dos vários trocadilhos com a palavra, a HQ consegue, de maneira magistral, trabalhar desenvolvimento de personagens e contextualizar a turminha, dando aos eternos personagens de Maurício uma riqueza de detalhes que vai muito além das características óbvias dos personagens. Cebolinha não é só o menino dos vários planos infalíveis, mas também um rei da improvisação e o único que consegue laçar seus próprios sapatos;
Em busca de Floquinho, o grupo inseparável de amigos vai além das ruas do bairro do Limoeiro, e no caminho encontram vários outros personagens de Maurício de Sousa, além do próprio autor, referenciando os vários momentos de metalinguagem dos quadrinhos da turma. Assim, o leitor tem a chance de vislumbrar como seriam vários dos outros personagens pela arte de Victor Caffagi, e se deliciar com as inúmeras referências à vários elementos presentes nas histórias originais.
Laços conta com o humor suave das revistas da Turma da Mônica, adaptado a uma atualização da linguagem dos quadrinhos e a um público recente. A arte de Victor e Lu Cafaggi é sensível e casa muito bem com a trama, comovente e muito fácil de se relacionar. Os traços suaves dão leveza, e essa história da turminha é uma ótima leitura para aqueles que se alfabetizaram com Mônica e a geração que pode conhecê-la agora.