Em tempos de crise é comum ver os fãs de board e card games reclamando dos altos preços dos jogos analógicos, muitas vezes importados. Mas por que não investir mais na cena brasileira de board e card games?
Com uma variedade grande de temas e formatos, os produtores brasileiros de board e card games investem em cenários criativos e formatos alternativos de distribuição, muitas vezes inteiramente gratuitos. É o caso dos jogos PNP (print&play), que podem ser baixados da internet, impressos e jogados. Além desse tipo de formato open source, o financiamento coletivo também é bem importante para os jogos analógicos nacionais e apoiar campanhas de game designers brasileiros é uma ótima maneira de conhecer novos jogos e fortalecer a diversidade no meio, além de muitas vezes ganhar brindes exclusivos.
Conheça alguns games nacionais para diversificar sua mesa de jogo!
Brincando de publicitário (com perrengues inclusos)
O Studio Teia de Jogos segue uma filosofia baseada nos preceitos da economia criativa que é bem interessante: eles disponibilizam todos os jogos de graça, no formato PNP, e quem quiser colaborar pode contribuir através do Padrim da equipe.
O último projeto deles vai agradar (e desesperar) profissionais de comunicação em geral: é um jogo chamado Seguem Alterações do Cliente, em que os jogadores vivenciam a rotina de uma agência de publicidade. O redator web e desenvolvedor de jogos Jordan Florio explica: “Você tem que montar uma campanha em no máximo 3 minutos, respeitando os desejos dos clientes (por mais absurdos que sejam) e então apresenta-los aos clientes que são também outras agências em sua vez”. O jogo rende situações hilárias e muito improviso, e é especialmente recomendado para os publicitários que querem mostrar aos amigos que a vida nas agência não está sendo fácil.
Lutas na mesa
O game V3RSUS está na fase de financiamento ainda mas é um ótimo exemplo para ficar de olho. Desenvolvido pela IlumniBox, é um jogo de cartas competitivo para 2 jogadores, com duração de 20 a 30 minutos. O jogo conta com 6 lutadores, cada um com mecânicas e cartas diferentes. Cada jogador escolhe 3 para montar sua equipe, e tem como objetivo derrotar o grupo do adversário.
Para acompanhar o progresso do jogo vale ficar ligado na página do Facebook e participar das campanhas de financiamento do projeto. Como declarou o CEO da IlumniBox, Jorge Martins, a comunidade é essencial para a cena de jogos analógicos brasileiros: “Existe uma quase infinidade de boardgames, com os mais diversos temas, e a comunidade ajuda trazendo esta experiência nas discussões. Tem pessoas que gostam mais de jogos europeus, e conhecem centenas de variações do Ticket to Ride, tem pessoas que curtem ameritrash e sabem todos os personagens de Zombicide… esta troca de conhecimentos é muito importante para que os jogadores conheçam os jogos que existem”.
https://www.youtube.com/watch?v=f7y-hKW0ciQ
Masterchef no espaço
Se a cena que você mais empolga em Star Wars é a da cantina em Mos Eisley e você sempre quis abrir um boteco nas galáxias, Space Cantina é o jogo para você. O objetivo do jogo é abrir uma cantina no espaço e vencer seus concorrentes. O jogo já é um sucesso antes de ser lançado e atingiu sua meta de financiamento em uma hora, segundo o game designer e desenvolvedor Fel Barros. E ele adianta que tem mais coisa boa a caminho: “Foi bem legal para nós. Esse ano ainda, saem mais dois títulos autorais Medievalia, Donzelas e um de outros autores (Die, Die, Die). A Ace Studios está muito feliz com a resposta até agora. O nosso próximo jogo grande será o Herdeiros de Khan, ainda sem data definida para lançarmos.”
E onde jogar? Onde mostrar meu jogo?
Se seu problema com os board e card games é não ter com quem jogar, pode começar frequentando espaços especializados e eventos. Em São Paulo por exemplo temos a Geek House, espaço com vários jogos disponíveis que organiza eventos do nicho. Dá para descobrir encontros e espaços acolhedores para os jogos analógicos nas comunidades temáticas que rolam no Facebook.
O Allan Melo é diretor comercial da Geek Carioca, responsável por um dos maiores eventos de jogos de mesa no Brasil, o Diversão Offline, que falou um pouco sobre a ideia do evento: “O Diversão Offline é um dos maiores e principais eventos de jogos analógicos que acontecem hoje no Brasil. O evento surgiu com o objetivo de provar para crianças, jovens e adultos que é possível passar um dia inteiro se divertindo sem estar conectado. Movimentando o mercado, reunimos aqui no Rio de Janeiro as principais editoras, autores, lojistas, produtores e personalidades do segmento e com isso estreitamos as relações que existem entre eles. No Diversão Offline ao mesmo tempo em que se apresenta um produto, recebe-se feedback direto do público alvo, fecha-se parcerias e até mesmo negócios. Por sua vez, o público fica sabendo em primeira mão dos lançamentos e novidades que estão chegando e que ainda chegarão ao mercado, além de ter a oportunidade de conhecer o trabalho de todos os presentes em um único lugar.”
E se você produz, eventos são importantes para mostrar a cara do seu trabalho. Allan conta que viu nascer muitos game designers no Diversão Offline: “Para os produtores independentes a experiência é única. Em nossa ‘Sala de Protótipos’ reunimos produtores de diversos cantos do país, que apresentam seus projetos ao público e trocam dicas e experiências com outros produtores. Com a proximidade das editoras, ainda pode ocorrer de um projeto chamar a atenção de uma delas e dali mesmo já sair uma parceria ou negócio. Isso sem contar que com a presença forte de veículos de imprensa, os produtores são entrevistados e recebem uma forte divulgação para seus jogos”.