Na análise anterior, após comparar dados de vendas e outras informações relevantes, cheguei à conclusão que talvez a própria Sony estivesse meio perdida com o rumo que deveria tomar para fortalecer o console. E agora, após anúncios de novos títulos para o PSP, a conclusão anterior parece mais embasada ainda: A Sony não sabe o que fazer para aumentar as vendas de seu portátil atual, e insiste em dar mais vida para o concorrente mais forte do PS Vita – o próprio PSP.
Durante o Tokyo Game Show (TGS) desse ano, foram anunciados títulos de peso também para o portátil da geração anterior da Sony: Gods Eater 2 e Toukiden – também com suas versões para o Vita. Além disso, temos como exemplo o RPG Final Fantasy III que, em seu lançamento, vendeu mais de 40 mil cópias, se tornando o jogo mais vendido do Japão na semana que se encerrou em 16 de setembro. E o que isso impactou? Em que, novamente, o PSP tomou a dianteira, deixando o Vita como o quarto console mais vendido, perdendo para também para o PS3 (o Nintendo 3DS foi o mais bem sucedido).
Qual o problema nisso tudo, afinal? A Sony está conseguindo manter dois consoles bem vivos no mercado japonês, com a sobrevida do PSP sendo extendida até o começo de 2013, pelo menos. Sem contar novos modelos de cores ao portátil, também anunciados durante a TGS 2012. Isso deveria ser uma coisa boa, certo? Afinal o Nintendo DSi ainda figura na lista de consoles vendidos por lá, logo a Nintendo também não matou seu console, não é? Não, as coisas não funcionam dessa forma.
A Nintendo, ao lançar um console com retrocompatibilidade, deixou a escolha para as pessoas: comprar o console antigo, defasado e mais barato, que não receberá muitos títulos novos e que talvez ano que vem vai ‘morrer’, ou pegar o console novo, com uma loja reformulada, jogos em formato digital exclusivos para o console (afinal não dá pra você comprar New Super Mario Bros. 2 na loja do DSi) e a garantia de que ele vai viver por pelo menos mais três/quatro anos. E os títulos lançados para o Nintendo DS são compatíveis com o 3DS, ficando até mais bonitos graficamente quando inseridos no console novo, como é o caso de Pokémon Black & White 2.
E a Sony? Bem, lançou Final Fantasy III exclusivo para o PSP, além de outros dois títulos que irão sair para os dois consoles (o que representa duas compras, caso você queira a versão do PSP e a versão do PS Vita). A Sony planeja lançar esses títulos como mídia digital para o PS Vita também, mas por enquanto tudo o que é possível fazer é comprar alguns títulos mais antigos da loja virtual européia da mesma. O que, sendo bem honesto, não adianta muito: do que adianta ter uma data futura para o jogo, sendo que agora ele já está disponível para o console anterior, mais barato, com menos recursos, mas que ainda está mais do que vivo?
A Sony precisa se decidir: ou se mantém firme com o PSP e continua a vender no mercado japonês (que, sendo franco, tem uma base instalada invejável), ou ela começa a dar mais vida ao PS Vita. Manter os dois consoles vai acabar matando prematuramente o console novo.
Só que o problema todo não morreu aí: a Sony resolveu coroar a lista de enganos com duas notícias que são, no mínimo, controversas. A primeira delas é o tempo de vida do console: de acordo com John Koller, um dos executivos de lá, a Sony quer fazer com o PS Vita o mesmo que está tentando fazer com o PlayStation 3: está planejado para uma vida útil de 10 anos. E isso não são boas notícias.
Caso a Sony fosse a única empresa no ramo dos portáteis (isso desconsiderando todas as empresas que fazem tablets e smartphones) essa já seria uma decisão arriscada. Uma hora a tecnologia resolve avançar muito e a Sony, ainda no meio do ciclo de vida, precisa se apressar para lançar um novo console. Isso implica em thirdies ficando irritadas e indecisas sobre qual é o foco. Agora, considerando que a cada mês nasce um modelo novo de tablet, que está a cada dia mais conquistando seu espaço no mercado, e que a concorrente direta tem um prazo máximo definido entre 5~7 anos de vida útil, o risco da Sony ficar para trás não é pequeno. Até para líder do mercado um plano de vida tão longo costuma ser prejudicial.
E o segundo, esse sim pode ser visto como a cereja do bolo: Shuhei Yoshida, chefe da Sony Worldwide Studios, anunciou que o tão esperado corte de preços não vai acontecer esse ano, ficando apenas para 2013 – o PSP, ao contrário, receberá esse corte até o fim do ano. Essa notícia seria muito boa se não fosse tão trágica: a Sony acabou de jogar água nas suas vendas de fim de ano do PS Vita. Quem compraria o console sabendo que, no ano seguinte, o mesmo console que não é nada barato estará mais em conta? Como disse, a Sony está empenhada em botar água no feijão do PS Vita.
Algo me diz que essa Holiday Season japonesa vai bater recordes, mas é de vendas da concorrência. Fica a dúvida: O que você acha de tudo isso? O PS Vita realmente está caminhando para o fracasso? Dê sua opinião nos comentários abaixo.