Existem alguns jogos que conseguem entrar na mente do jogador, deixando-o mais alegre, infeliz, triste e – os melhores deles – aterrorizado. Seja por adicionar algum elemento que vá apelar ao lado emocional do jogador, seja algo que o vá deixar desequilibrado pela forma como a quebra da “quarta parede” aconteceu ou simplesmente uma cena que irá ficar impregnada na mente e na alma do jogador. E a review do jogo de hoje é o que eu senti, e o quanto Year Walk me marcou psicologicamente.

Quando a Simogo anunciou que estava trabalhando em um jogo de terror para o iOS, poucos realmente esperavam que um jogo lançado para smartphones e tablets pudesse realmente assustar alguém. Afinal a imersão é dificilmente alcançada em telas tão pequenas. E mesmo que ele seja jogado nos tablets, a imersão pode ser facilmente quebrada por uma notificação inesperada, trazendo o jogador de volta ao seu chão, perdendo assim o efeito assustador da situação. Porém, adianto a vocês que a empresa conseguiu criar um jogo com uma atmosfera tão envolvente que até o “ruído” produzido pelas notificações passam despercebidas.

Vamos à trama do jogo: Suécia, em alguma parte do passado longínquo, aonde a humanidade ainda se encontrava nas “trevas” e abraçava os costumes tribais mais antigos em praticamente todos os aspectos de sua vida. Mas o principal deles é um evento extremamente perigoso, chamado de Year Walk. Essa caminhada era realizada em certas noites do ano, aonde o tecido entre as realidades se tornava mais fino e seria possível ver o futuro ao tomar certos passos. Uma dessas noites era a Noite de Ano Novo, e aquele que decidisse “caminhar” deveria se isolar no dia anterior, evitando luz, fogo, contato humano e comida por 24 horas. Ao final dessa espera, ele sairia de sua casa à meia noite e teria de andar até a igreja, aonde ele deveria dar um número de voltas pelo terreno até que seria agraciado com visões do futuro. Porém, tudo isso poderia vir com um preço: você poderia topar com estranhas criaturas sobrenaturais, que não estão nada felizes por sua tentativa de “burlar o jogo”.

Os desenvolvedores, ao repararem que a mitologia escolhida como pano de fundo para o seu título poderia ser extremamente difícil de ser assimilada – ou até entendida, por se tratar da mitologia sueca – decidiram criar um aplicativo em forma de diário, ou Companion, com as explicações referentes a cada uma das criaturas presentes no jogo. E também tem uma utilização mais “sombria”, que você só entenderá após terminar o jogo pela primeira vez. Como experiência pessoal, recomendo a leitura prévia, para que o clima se forme em sua mente e a história possa fazer mais sentido.

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Será o Cramunhão? Ou só uma das criaturas mitológicas da Suécia?

A jogabilidade é feita através de movimentos na tela de seu iGadget. Você se movimenta passando seu dedo para o local que desejar ir, chegando assim ao seu objetivo. Porém, o jogo tem diversos segredos, e você provavelmente não irá conseguir terminar o jogo até que sua mente esteja totalmente concentrada para resolver os diversos puzzles dentro dos cenários desolados do frio sueco. E é justamente nesses momentos, aonde você estará fragilizado, que o jogo chegará até você, e dará um jeito de te envolver tanto na trama do personagem principal que você se assustará como se fosse ele, ao presenciar certos eventos.

A trilha sonora é excelente, ajudando a deixar a história muito mais vívida na mente dos jogadores. Cada momento foi pensado para ter a trilha perfeita, e às vezes a música é primordial para a passagem pelo jogo. Logo, recomendo o uso de fones de ouvido para aumentar a imersão e também melhorar o áudio do jogo para vocês. Os gráficos então, um show à parte. Você é daqueles que exige ultra-realismo em jogos? Então passe longe desse título. Year Walk se beneficia – e muito, diga-se de passagem – de gráficos estilizados, praticamente desenhados na tela. O jogo, mesmo sem precisar apelar a gráficos exagerados, consegue manter o jogador preso e ainda perturbar a mente do jogador.

O único defeito desse jogo? Ele é extremamente curto. Mesmo ele exigindo uma atenção especial do jogador por mais de uma vez, a trama não é longa. E caso você consiga superar os puzzles em questão de segundos, talvez você consiga concluí-lo em menos de uma hora. Porém, mesmo com esse defeito grave, esse é um jogo que definitivamente deve ser jogado por todos os amantes de terror e de jogos com puzzles para o iOS. Você pode assistir ao trailer logo abaixo:

 

Para aqueles que não forem simplesmente convencidos pelo trailer, deixo o meu relato pessoal sobre o jogo, em poucas linhas: Year Walk conseguiu causar em mim um efeito quase nunca alcançado por um jogo. Por duas noites, meu sono vem sendo assombrado por pequenos terrores, como se houvesse algo à espreita, ou alguém me observando. E olha que eu não tive sequer a coragem de jogá-lo na calada da noite. E o clima foi aumentado pela leitura do Companion antes de entrar de cabeça no jogo. E, sem esse mesmo diário, não poderia ter completado o jogo. É uma experiência aterrorizante, mas que compensa cada instante gasto nela.”.

Com todos os seus elementos contabilizados, o jogo merece a excelente nota de 4.7 de 5. Vale a pena gastar um pouco mais para que você tenha uma das melhores experiências no que diz respeito a terror em plataformas móveis.

Para os mais corajosos, Year Walk custa $3,99, tem tamanho de 204MB, totalizando 810MB após a instalação, roda em dispositivos com o iOS a partir do iPhone 3GS, iPod Touch de Terceira Geração e em todos os modelos de iPad, além de estar otimizado para a tela do iPhone 5. Ele exige que o iOS esteja pelo menos na versão 4.3 ou superiores.

E o Year Walk Companion sai de graça, pesa 25MB e roda em qualquer dispositivo iOS, exigindo a versão 4.3 como mínimo.