O ecossistema da AppStore é muito instável, como já comentamos por aqui. Muitas vezes os jogos que saem são apenas idéias requentadas de fórmulas de sucesso, trazendo pouca ou nenhuma inovação palpável para os jogadores. Porém, alguns jogos chegam e mostram para que vieram, e um dos ótimos exemplos das últimas semanas foi o segundo título da criadora de Bean’s Quest, a Kumobius. E é sobre ele que irei falar agora.

Time Surfer é um jogo que, essencialmente, combina dois formatos diferentes para criar um jogo completamente novo. Pegando elementos de Tiny Wings, um dos jogos minimalistas mais bonitos da AppStore, que consiste em fazer um pássaro que não pode voar avançar pelos cenários montanhosos, usando o momento certo de encolher seu corpo, dando assim uma maior aerodinâmica ao seu corpo para poder planar de um monte a outro. E o que eles fizeram foi adicionar a mecânica de Braid, aonde é possível voltar no tempo por alguns instantes para realizar determinadas ações. Adicione isso a um cenário espacial, encha-o de alienígenas, asteróides, espinhos, planetas “surfáveis”, itens desbloqueáveis que fazem os fãs da cultura pop-geek-nerd babarem de alegria e você terá um vício absurdo, o induzindo a jogar por horas a fio.

O jogabilidade desse aplicativo é extremamente simples: no lado direito da tela você tem um botão para abaixar sua prancha e aumentar a velocidade do salto. Solte o botão virtual em uma subida e você terá um aumento de velocidade que pode fazer você alcançar o céu. Do lado esquerdo da tela temos um outro botão virtual, responsável pela alteração no tempo. Segure-o e você voltará no tempo por alguns instantes. No topo da tela, uma barra mostrando a quantidade de tempo que você tem para poder voltar suas ações. O jogo conta com power-ups, um deles para aumentar a velocidade do personagem, outro que serve como ímã, que faz com que você possa juntar os cristais próximos a você, mas fora de seu alcance. Esses cristais não servem apenas como contagem, mas também serve para aumentar a quantidade de tempo disponível para a manipulação. O último é uma ampulheta, que serve como um aumento maior para a barra de tempo.

A outra “moeda” do jogo, além dos cristais, são os pedaços de bolo. Esses pedaços são conquistados durante o jogo e também para a conquista de missões que você conseguir durante o progresso do título. Essa moeda é utilizada para liberar mais “skins” para o personagem e rastros de cores diferenciadas. As referências? Lost, Back to the Future, Dragon Ball, Terminator, Doctor Who, The Legend of Zelda… a lista é imensa, e você vai se surpreender até mesmo com a frase de explicação de alguns skins.

Time Surfer também possui um sistema de pets, que são alimentados pelos pedaços de bolos que você coleta no decorrer das fases. Completou alguma missão? Seu ranking sobe e, após um determinado número de rankings você pode adotar pets novos. Seja ele um simpático pato de borracha, o bichinho rosa Axolotl (vindo direto de Bean’s Quest), uma “fênix” de borracha, um pato à lá Robocop e até um Mecha, a sua escolha é focada apenas naquela fase. Cada pet dá uma vantagem específica que pode te ajudar no decorrer de seu progresso. Porém, no começo de cada nova “viagem” ao espaço você deve alimentar seu pet novamente. Porém, você pode viajar sozinho, o que não o obriga a ficar estocando pedaços de bolo apenas para manter os bichos.

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O jogo tem dois modos de dificuldade: Normal e Hell Mode. A maior diferença entre os dois modos é – além da quantidade absurda de espinhos – que o modo difícil tem uma temática mais “infernal”. Não existem trocas de missões na mudança de dificuldade. E existem três tipos de missões a serem desbloqueada a cada viagem. A primeira geralmente remete a números brutos, como andar 12.500 metros, alcançar o céu 25 vezes, e que podem ser acumulados em várias tentativas. A segunda e a terceira carga de missões geralmente remete a objetivos a serem cumpridos durante uma mesma partida. Geralmente são mais difíceis, mas costumam premiar o jogador com mais pedaços de bolo.

A trilha sonora remete aos anos 80, como era de se esperar. Para um jogo até visto como simples, é uma trilha muito boa, e que você nem precisa dos fones para curtir com qualidade. E caso você prefira, é só acionar o menu multitarefa e ouvir as suas músicas. Os efeitos sonoros são mantidos, para dar uma experiência melhor ao jogador.

Esse jogo conta também com In-App Purchases. Um deles dobra o número de bolos que você pode pegar, custando 2 dólares. O pacote mais caro de bolos custa 20 dólares, e dá 1350 pedaços pra você. A média de preços é 200 pedaços, mas eu não achei necessário gastar um centavo além do valor do aplicativo para poder me divertir. Pra ser bem honesto, desbloqueei praticamente tudo do jogo, faltando apenas o skin do Alien de Tuxedo, que custa 800. Não é necessária a compra, porém os valores acabam ficando um pouco caros para um aplicativo pago.

No fim das contas, Time Surfer é muito bom. A mistura de Tiny Wings com Braid e com granulado de alguma droga  psicodélica por cima (dado o índice de vício que esse jogo promove) realmente mostrou a que veio. Descaracterizou-se do jogo ao qual ele foi ‘copiado’, criou uma física diferenciada, mas que acaba sofrendo um pouco com os controles virtuais, que acabam falhando em alguns momentos aonde uma precisão maior é requerida. O jogo é um título que merece ser jogado por todos, pois foi extremamente criativo e inovador, apesar de ainda assim manter as origens de seus inspiradores. Levanto todos esses critérios em consideração, o jogo merece a nota de 4.8 estrelas. Uma das melhores novidades da AppStore, e os pontos a menos não tiram o brilho desse excelente título.

Trailer de Time Surfer:

 

 

Time Surfer custa US$ 0,99 e pesa 21.9MB. Ele é compatível com o iPhone 3GS (e todos os outros modelos posteriores), iPod Touch de 3ª Geração (e os posteriores), iPad (todos os modelos) e iPad Mini. Ele é otimizado para o iPhone 5 e pode ser encontrado aqui.