Depois de uma espera de quase quatro anos, finalmente o JRPG dos mascotes mais amados da Nintendo encontrou sua nova casa: o Nintendo 3DS. E o quarto título da franquia de Mario & Luigi está exatamente o que esperávamos: um jogo repleto de piadas extremamente engraçadas, mecânicas novas e o que realmente queríamos – Luigi brilhando cada vez mais.
O mais nova iteração do estúdio Alpha Dream recebe o nome de Mario & Luigi: Dream Team. E, como sugerido pelo título, o foco central do jogo são os sonhos de Luigi. A aventura começa com uma comitiva saída de Mushroom Kingdom para o resort de férias situado na Pi’illo Island, a convite do Dr. Snoozemore. Após sermos apresentados a uma batalha que aparentemente ocorreu apenas num devaneio de Luigi, o grupo chega à ilha. Após algumas encenações, a aventura começa com a Princesa Peach e Toadsworth sendo arremessados nas ruínas do antigo castelo dos Pi’illos e a aventura tem início.
Os irmãos encanadores saem em busca da Princesa e são acompanhados por Starlow, a representante dos Star Sprites e que já havia participado de uma aventura com os Mario Bros. dentro do corpo de Bowser. Após Starlow relembrar os peritos em combate com pulos como proceder contra os diversos inimigos encontrados dentro do castelo, finalmente a princesa é encontrada e a batalha contra o guardião dos tesouros da antiga civilização acontece sem muitos problemas. O prêmio? Um travesseiro de pedra.
Após voltar ao centro de exibição das relíquias dos Pi’illo, eles encontram a cama do príncipe e Luigi decide cair no sono utilizando o travesseiro de pedra. E é aí que a aventura realmente começa: Peach é raptada por uma sombra e é levada para dentro do mundo dos sonhos, que se originou após Luigi entrar em ressonância com as ondas mentais daquele travesseiro. Ao iniciar a travessia pelo mundo novo, conhecemos Dreamy Luigi, a personificação de Luigi no mundo dos sonhos. Porém as batalhas dentro desse novo mundo funcionam de maneira diferente: os pulos de Mario são amplificados pela união com Dreamy Luigi, fazendo com que várias cópias do encanador que veste verde caiam sobre os alvos.
Porém, mesmo após vencer a batalha contra a sombra, essa foge e leva a princesa para uma área mais profunda dentro do mundo dos sonhos, não restando muito a Mario e Dreamy Luigi, a não ser seguir em frente ao encontrar uma voz, que pede que eles a libertem de seu confinamento. Após quebrar um Pedaço de Pesadelo (Nightmare Chunk), a história verdadeira começa a aparecer: o travesseiro de pedra na verdade é o Príncipe Dreambert. Ele conta que Antasma, o Rei dos Morcegos decidiu roubar a Pedra Sombria (Dark Stone), irmã gêmea da Pedra dos Sonhos (Dream Stone), para que pudesse conquistar o mundo. Ao ser confrontado e vencido pelos Pi’illos, Antasma despedaça a Dark Stone, sendo trancafiado ao mundo dos sonhos e transformando todos os habitantes da Pi’illo Island em travesseiros de pedra. Juntando forças, Mario, Luigi, Starlow e Dreambert decidem partir numa busca de informações sobre o real paradeiro da Princesa, despertando os habitantes originais da Pi’illo Island. Como se a ameaça de Antasma não fosse suficiente, Bowser aparece e assim está formada a dupla de vilões desse jogo: o Rei dos Koopas e o Rei dos Morcegos unem suas forças e você precisa encontrar a maneira de não apenas salvar Peach e Pi’illo Island, mas também o mundo das mãos dos cruéis vilões.
Encerradas as explicações iniciais sobre a trama, agora é a hora de falar sobre o que realmente importa: os aspectos técnicos de Mario & Luigi: Dream Team, começando pelo resort na ilha de Pi’illo. Seguindo os mesmos princípios dos três jogos anteriores da franquia Mario & Luigi, o mundo é aberto, com algumas restrições sobre a entrada em pontos específicos da ilha até que você esteja liberado para isso, e os movimentos são os mesmos: com o botão A você pula com Mario e com o B você pula com Luigi. Após a conclusão de uma pequena quest, você recebe os Martelos e pode selecioná-los apertando o R para usá-los no mundo aberto, abrindo mais possibilidades. Assim como os jogos anteriores, você vai recebendo mais habilidades para os irmãos de acordo com a necessidade, como o Spin Jump, aonde os irmãos conseguem voar por espaços aonde antes você cairia direto. A inserção de novos elementos, como o Drill Bros e o Ball Hop permitem que a exploração pelo resort seja extremamente divertida.
O outro mundo, que é acessível através de Luigi dormindo sobre outros habitantes da Pi’illo Island, segue a mesma temática que o interior do corpo de Bowser em Bowser’s Inside Story: um mundo em plataformas 2D, porém as habilidades dos irmãos são diferentes: elas recebem o nome de Luiginary Attacks. Você pode fazer com que o Dreamy Luigi interaja com elementos do cenário e se transforme em uma árvore. Controlando Starlow com a Stylus, você pode puxar o bigode de Luigi e fazer com que o Mario seja arremessado a plataformas mais altas dentro do Dream World. Outros Luiginary Attacks consistem na criação de diversas cópias do Dreamy Luigi (ou Luiginoids, caso preferirem) forçando uma Pilha de Luigis, fazendo com que você possa alcançar locais mais altos ou destruir pedras caindo sobre elas, formando uma bola ou usando o formato de um cone, permitindo que você possa voar pelo Dream World. Além desses elementos, podemos alterar a gravidade do mundo dos sonhos fazendo com que Starlow e Luigi interajam com os locais aonde ele está dormindo.
Outro elemento recorrente da série é que os ataques recebem o nome de Bros Attacks. Muitos deles, como a Green Shell e a Fire Flower são velhos conhecidos, mas a mais sensível diferença é que os ataques voltaram a ser exclusivos para cada um dos irmãos. Ou seja, apenas Luigi pode invocar a Fire Flower, assim como apenas Mario pode utilizar a Red Shell. Porém, mesmo que aja essa exclusividade, alguns ataques possuem variações bem parecidas, o que acaba equilibrando a força dos dois irmãos. E, como não poderia ser diferente, o Dream World conta com as suas variações dos Luiginary Attacks sendo utilizados dentro das batalhas. Porém, diferente do que ocorreu em Bowser’s Inside Story, os ataques não utilizam a Stylus, mas sim os recursos do 3DS. Um dos ataques, a Luiginary Ball, requer que você mova seu 3DS para fazer com que o Mario, em cima de uma bola formada pelos Luiginoids, forme uma bola cada vez maior de clones para chutá-la sobre os inimigos. Em outra, você utilizará o martelo para brincar de Space Hockey com o Dreamy Luigi, o arremessando sobre os inimigos girando com seu martelo.
Assim como nos jogos anteriores, você tem a possibilidade de se esquivar dos ataques dos adversários, podendo até mesmo contra-atacar pulando no momento certo, ou acertando o inimigo com o martelo. No mundo real você pode apenas pular e bater com o martelo, mas no Dream World você pode se movimentar, mudar a direção de onde você atacará com o martelo e desviar das hordas de inimigos.
As batalhas contra chefes são muito divertidas, mas aonde o jogo realmente mostra para que veio é nas lutas aonde você, assim como em Bowser’s Inside Story, transforma o Dreamy Luigi em gigante. Porém, com a mudança de orientação da tela, o efeito 3D não pode ser utilizado. Nada que estrague a experiência das batalhas, afinal a tecnologia não permite que as imagens em 3D sejam visualizadas na posição vertical. Os comandos são todos através da Touch Screen, combinando com momentos aonde você utiliza o acelerômetro do 3DS. Existem apenas dois Bros. Attacks nessa forma: um aonde Mario joga diversos cogumelos para que Dreamy Luigi possa recuperar seus pontos de energia e o outro que se chama Drill Stomp. A versão mais alta (e mais bonita, de acordo com os instrutores do mundo dos sonhos) de Luigi começará a girar em alta velocidade, e você precisa girar a Stylus de acordo com o círculo que aparece na touch screen para aumentar a força do ataque. O uso dessas habilidades deixa Mario cansado, fazendo com que você não possa utilizar mais Bros. Attacks temporariamente.
O jogo conta com duas buscas específicas: despertar todos os Pi’illos e, assim como todos os outros jogos da série, encontrar todos os Beans de cada área do mapa. Esses Beans são exclusividade do mundo real, e aumentam os atributos dos irmãos a serem utilizados. Caso você desperte todos os Pi’illos, receberá diversas recompensas pelo jogo. Além desses dois elementos, o jogo conta com conquistas, chamadas de Expert Challenges. Cumpra os requisitos e você será premiado de acordo com o número de pontos. A melhor recompensa é quando você libera todas as conquistas, valendo o esforço para “platinar” o jogo.
O jogo conta com um Boss Mode, aonde você pode lutar novamente contra os chefes que você enfrentou para conquistar seus troféus (sim, apenas troféus, e não são relacionados às conquistas do jogo normal), além de receber prêmios pelas vitórias. E, o que é muito interessante, você poderá batalhar um personagem já conhecido de Mario e Luigi, mas que não apareceu muito mais na série principal dos jogos da Alpha Dream. Existe o grupo de lutas normais, aonde os bosses do mundo e real e dos sonhos estão misturados e o grupo de lutas gigantes. Lá, você enfrentará versões mais fortes dos chefes que enfrentou anteriormento com Dreamy Luigi em seu momento de grandeza. Além disso, ao você completar o jogo você habilita a Jukebox, aonde poderá ouvir a excelente trilha sonora do jogo em um menu com os nomes originais das músicas e também é habilitado o Hard Mode, aonde os inimigos estão mais fortes, você tem a limitação de carregar apenas 10 itens de cada item específico (e não 99, como no modo normal) e as mortes, que antes não tinham punição, e você até poderia ativar o Easy Mode temporário, que mostraria as fraquezas e o momento certo de contra-atacar os adversários, resultam em Game Over e você volta para o último lugar aonde salvou sua aventura. Outra mudança é o timing, que sofre uma pequena mudança. Se você tinha um determinado tempo para apertar o botão e dobrar o dano do seu ataque ao encaixar um Excellent no adversário, você tem um tempo menor para poder acertar o segundo pulo, ou dar o dobro de dano com o martelo.
Assim como nos jogos anteriores, você poderá disputar alguns mini-jogos usando os Bros. Attacks e Luiginary Attacks para aumentar sua pontuação e conseguir alguns itens exclusivos. Outra mudança extremamente interessante foram os itens que sofrem mudança do poder de ataque não baseado apenas no jogo, mas em outros elementos. Um deles, a Hiking Boots, aumenta seu poder de ataque através da quantidade de passos que você deu enquanto carregava o 3DS. Os itens Gold aumentam seu poder de ataque/defesa de acordo com a quantidade de dinheiro que você tem no jogo, os itens Excellent aumentam seus poderes de ataque/defesa de acordo com sua pontuação nos Excellent Challenges e os Birthday Items fornecem vantagens exclusivas para você no dia de seu aniversário. Uma pena eu fazer aniversário apenas em 01 de janeiro.
A história normal leva em torno de 40 horas para ser terminada, o que é um tempo excelente para um RPG de consoles portáteis. E como a história é extremamente divertida, os personagens e suas motivações são cativantes e tanto quanto coadjuvantes quanto vilões tem excelentes histórias de pano de fundo, é uma aventura que vai fazer com que você não desgrude do 3DS. Porém, quem realmente tem todo o MERECIDO destaque é Luigi. Sempre visto como coadjuvante de seu irmão mais velho, a história fornece uma visão diferente sobre as nuances da personalidade de Luigi, principalmente dentro das duas visitas ao Dream’s Deep, o local aonde os segredos e pensamentos escondidos de Luigi se refugiam. Claro, ele se mantém como um encanador medroso, mas os momentos de bravura e um sorriso confiante no rosto dele em sua luta mais importante dentro do Dream World mostram o quanto a Nintendo permitiu que o irmão mais novo do encanador mais famoso do mundo se tornasse não apenas mais maduro, mas muito mais importante dentro do universo da Big N. E esse jogo foi adiado para que pudesse ser melhorado e lançado justamente dentro do Year of Luigi. Uma das escolhas mais acertadas da empresa japonesa, na minha opinião.
A qualidade gráfica do jogo melhorou 100% em relação ao Bowser’s Inside Story. Não que o jogo antigo tivesse um gráfico ruim, mas o poder adicional gráfico do 3DS e o uso beirando a perfeição do efeito 3D entregam um jogo de encher os olhos. Tudo no jogo parece se destacar, os elementos visuais de fundo formam um contraste belíssimo, e os efeitos de iluminação em 3D mostram o quanto o portátil da Nintendo ainda pode surpreender as pessoas no futuro. Nenhuma ressalva quanto a isso, afinal não encontrei nada que possa diminuir a nota aqui.
A trilha sonora é outro show à parte. Tudo parece ter sido pensado para que a experiência e a imersão sejam extremamente fortes. Um destaque especial fica para a Sacred Somnom Woods e Dreamy Somnom Labyrinth. O trabalho de Yoko Shimomura, que também é criador da trilha sonora de Kingdom Hearts, está no mínimo impecável. E como se não bastasse, o uso de headphones melhora ainda mais a experiência, devido ao efeito sonoro viajando pelas duas saídas de áudio. Novamente, nada nessa trilha sonora destoou do restante do jogo. Nenhum som parecia alienígena, tudo estava contido aonde deveria estar. Um show à parte.
O fator replay fica garantido pelo Boss Mode, pela caçada aos itens disponíveis apenas ao completar os Challenges e despertar todos os Pi’illo, além dos mini-games fazem com que você gaste pelo menos 60 horas para que tudo possa ser obtido. E caso você queira se aventurar pelo Hard Mode, recomendo jogar com um copo de suco de maracujá ao lado. É realmente difícil, mas recompensador.
A minha única preocupação foi o relato de alguns jogadores nos primeiros dias, dizendo que o jogo apresentava alguns glitches que impediam que o jogo pudesse ser completado. Pessoalmente eu não tive problemas desse tipo, mas a Nintendo me surpreendeu ao liberar, menos de duas semanas depois do lançamento americano, um patch na eShop para consertar os problemas dos jogadores que não conseguiam terminar o jogo. Devo dizer a vocês que essa atitude vinda da Big N me surpreendeu positivamente, pois a única vez que vi isso acontecer foi com Mario Kart 7, aonde o patch de correção saiu para impedir que jogadores abusassem de um pequeno problema em uma pista. Mostra que a empresa japonesa realmente passou a ouvir (mesmo que de maneira tímida) e a agir em prol de seus consumidores.
Portanto, encerrando a minha análise, devo dizer a vocês que eu experiencei o melhor jogo dessa série. Sou extremamente conectado com os títulos que a Alpha Dream já liberou nessa franquia, mas esse jogo conseguiu superar não apenas o que eu considerava o mínimo de qualidade dos títulos anteriores, mas me peguei emocionado em diversos momentos do jogo. Após o fim dessa viagem, aonde já estou quase chegando ao fim da aventura pela segunda vez, agora no Hard Mode, devo dizer que não apenas a Alpha Dream ganhou muitos pontos comigo, mas finalmente passei a admirar o Luigi pelo que ele sempre foi, mas tinha vergonha de mostrar a todos: não um coadjuvante, mas membro do palco principal da elite dos personagens da Nintendo. O reconhecimento é tanto que Bowser finalmente disse o nome dele numa aventura dessa franquia.
Para os que ainda não estiverem convencidos da qualidade do título, a Nintendo disponibilizou uma demo na eShop do Nintendo 3DS que você pode utilizar doze vezes para experimentar alguns recursos que o jogo tem a oferecer.
Então, a única nota que eu poderia dar para esse jogo, que é o primeiro a me fazer bater o limite de 100 horas no meu Nintendo 3DS é 5/5. Perfeito em todos os aspectos, e me deixou esperando pelo que mais esse tímido encanador de chapéu verde tem escondido sob as mangas de seu macacão azul.
Trailer de Mario & Luigi Dream Team: