Na madrugada de 22 de junho de 2012 a Nintendo, em seu programa online conhecido como Nintendo Direct, nos apresentou ao 3DS XL, a primeira revisão de hardware do portátil Nintendo 3DS. E o que mudou, de verdade?
Bom, ao observamos as imagens liberadas pela Nintendo, notamos o tamanho extra de ambas as telas: agora os tamanhos estão em 4.88 polegadas (o que equivale a 106.2mm x 63.72mm) na tela superior, com uma resolução de 800×240 pixels (divididos em duas telas, o que proporciona o efeito 3D sem óculos) e 4.18 polegadas (84.96mm x 63.72mm) na tela inferior, com a resolução de320x240 pixels. Só nessa brincadeira, temos visores 90% maiores em relação ao modelo anterior. Ele virá nas cores azul e preto e vermelho e preto. Já na Terra do Sol Nascente teremos mais opções: branco, preto e vermelho, além do preto e prata.
O que também recebeu uma atualização foi a vida útil da bateria, considerado o maior vilão do portátil: agora ele tem duração de 3,5 a 6,5 horas com todos os efeitos ligados no máximo, wi-fi ativado e brilho no máximo. Para jogos do DS, a vida útil sobe para 6 a 10 horas de uso.
Além de todas essas novidades, o console agora contará com um cartão SD de 4GB, sendo que o irmão “menor” saía apenas com 2GB, com o suporte de até 32GB mantido.
O preço final do portátil ficou na casa de US$ 200, ficando apenas 30 dólares mais caro do que a versão atual.
A data para o lançamento no Japão ficou para 28 de julho, e a estréia no mercado americano ficou para 19 de agosto. Informação relevante quanto à venda do produto é que ele não será vendido com um carregador novo nas versões japonesas e européias (com o carregador antigo ainda podendo ser utilizado). Nos EUA, o bundle do console virá com o carregador.
Ditas todas as novidades relevantes ao console, cabe a mim analisar o que realmente importou: se esse lançamento justifica a compra de uma nova unidade.
Em primeiro lugar, a maior reclamação de muitos jogadores quanto ao 3DS é o fato do segundo analógico não estar presente nessa primeira revisão. Esse problema, na minha humilde opinião, não seria resolvido nessa primeira revisão de hardware do 3DS por diversos motivos.
- Forçar o consumidor a comprar um console novo para aproveitar os jogos mais novos.
Esse pra mim é o mais decisivo. Com o Analog Pro sendo apenas um acessório (que muitos dizem ser um “trambolho”, eu incluso, mas que melhora a pegada do aparelho) ele é apenas opcional. Como opcional, cabe ao developer do jogo que está sendo desenvolvido utilizá-lo ou não. Inserido o segundo analógico direto no portátil forçaria os developers a focar seus esforços para aproveitar o direcional, lesando diretamente os donos da versão antiga do portátil, que não iriam aproveitar os jogos de forma completa. E em muitos casos (como Kid Icarus: Uprising e os jogos da franquia Resident Evil) a utilização da tela de toque como ajustes de câmera e mira supre a ausência com maestria, tornando o gameplay mais fluído do que seria com um analógico extra.
- Quebra de paradigma.
A Nintendo não tem o costume de “inutilizar” o hardware anterior com o lançamento de novo hardware. Tanto é que ainda existiam DS Lites sendo vendidos, mesmo com o lançamento do DSi, modelo mais “robusto”, com seu próprio sistema operacional. Ela sempre mantém a venda dos dois modelos, dando uma opção ao jogador de escolher em qual dos consoles ele se sente mais confortável jogando. Ela mantém isso desde a era Game Boy, e não viria a mudar o comportamento da empresa depois de tantos anos.
- Remover a necessidade de um acessório.
Sim, a Nintendo sabe que ela pode ganhar dinheiro com o segundo analógico extra para quem sente a necessidade de ter isso. Ainda mais quando existem empresas que desenvolvem outras utilidades para o mesmo, como é o caso do acessório que virá com o segundo analógico e uma bateria externa, que prolonga a vida útil do console. Mas aí fica a pergunta: você tem a real necessidade do segundo analógico, ou a touch screen supre essa falta? Aí quem decide isso é você. Eu mesmo não sinto falta alguma do segundo analógico, e se comprasse um seria o modelo com a bateria extra, apenas por ela.
- Possível encarecimento.
Let’s face it: a Nintendo sofreu no começo da vida do console. Por causa dos preços altos, a Big N teve que reduzir drásticamente o valor final do produto para que ele pudesse se tornar mais atrativo ao público gamer. E com um hardware extra (no caso, o segundo analógico), o preço certamente subiria, dificultando o desempenho comercial do console.
Dadas essas razões, no que vejo, a Nintendo não quis arriscar a cabeça do modelo atual, que parece estar vendendo muito bem nos últimos tempos.
Outro ponto bem discutido é a ausência de uma touch screen com suporte a multitouch features. Nesse podemos citar o primeiro e o último problemas com a utilização do segundo analógico: com uma tela que suporta vários toques, os desenvolvedores certamente passariam a desenvolver os novos jogos com essa possibilidade, impedindo que os jogadores com o console antigo pudessem ter um uso completo dos novos jogos para a plataforma. E o mais proibitivo seria o custo. A Nintendo já disse, quando questionada sobre a ausência de multi touch features no WiiU, que isso encareceria altamente o preço final do console. Logo, aplicando no portátil a mesma lógica, temos a resposta. Uma resposta satisfatória? Cabe a você dizer. Eu particularmente sou apaixonado pelo multi touch, mas não tive nenhum problema com a tela de toque do Nintendo DS, muito menos do 3DS.
Algumas pessoas podem reclamar dessas justificativas por estarmos lidando com um aumento significativo nas telas. Só que resolução ingame é facilmente ajustável, não aumentando o preço final dos jogos ou do console.
Agora, encerrada a análise sobre o que faltou, vamos ao que pode ser dito sobre o que temos de fato.
Uma resolução maior é muito bem-vinda. Os gráficos podem ficar melhores, se o recurso da tela maior for bem utilizado. Se não desenvolverem apenas “esticando” os jogos, estourando os pixels (como chegou a acontecer com o DSi XL), isso pode ser excelente.
E aqui fica totalmente a MINHA opinião, sem nenhuma base real que comprove, mas que imagino que funcione assim: problemas relacionados a visão utilizando os efeitos 3D.
Muitos jogadores sofreram, nas primeiras tentativas de jogar o console, ou após uso prolongado, com dores de cabeça referente ao esforço dos olhos para que o 3D funcionasse corretamente. Por termos uma tela tão grande, imagino que o esforço utilizado pode ser menor do que o esforço numa tela pequena, reduzindo assim as dores de cabeça que o portátil causava. Posso estar completamente enganado, e o efeito estereoscópico do 3DS na verdade ter de ser amplificado para que funcione em uma tela maior, mas isso só poderemos saber quando o portátil for liberado para comércio.
Os benefícios de uma tela de toque maior ainda é uma maior área de ação e resposta, o que pode melhorar ainda mais o desempenho e a jogabilidade de quem estiver com o 3DS XL.
Uma tela 3D maior permite melhor visualização do que está ocorrendo no jogo, provocando uma “imersão” ainda maior do que a sentida com o 3DS comum. Além, é claro, de fotos melhores, vídeos com o efeito mais evidente e a possibilidade de assistir vídeos/filmes na tela do console utilizando o Netflix e o Nintendo Video.
E fechando o pacote, uma vida maior para a bateria é tudo o que era esperado. E a retrocompatibilidade com os carregadores anteriores (não com a base, dado o tamanho diferenciado) justifica o lançamento japonês e europeu sem um carregador novo, que pode ser adquirido separadamente. Quanto maior a duração dos jogos, melhor para quem estiver jogando.
Um dos pontos negativos é a mudança no design e no aumento significativo do portátil, perdendo um pouco de mobilidade. Agora talvez não seja mais possível carregar o 3DS XL no bolso, mas para isso eu tenho a minha bolsa, que sempre anda comigo. E a própria Nintendo já disse que pretende tornar a experiência com seus portáteis também mais “caseiras”, com o jogador podendo aproveitar um pouco mais os recursos do console em casa.
Referente ao tempo entre uma versão e outra, creio que a Nintendo aguardou até um bom tempo, dando um ano e quatro meses de vida para o 3DS antes do lançamento da primeira revisão. Contando com o fato de que o 3DS original não vai ser aposentado, isso significa uma vida mais longa ao console.
Encerrando essa análise, devo dizer que o 3DS XL é uma excelente pedida para o novo jogador. Os 30 dólares de aumento de uma versão para a outra podem encorajar o gamer indeciso a optar pela nova versão, aproveitando assim de todos os recursos que o console novo terá a oferecer. Agora, se ele justifica a troca, caso você tenha comprado o seu Nintendo 3DS há menos de 4 meses? Honestamente digo que não sei. Tudo vai depender de como os jogos ficarão nas telas maiores, e se os benefícios realmente condizerem com o esperado. Eu estou novamente esperançoso, como estava pelo lançamento do 3DS. E, se os vídeos que precederem o console me convencerem, comprarei na primeira semana.
Só pra adicionar uma informação extremamente relevante (e irritante): não temos ainda a data oficial para o lançamento nacional, muito menos do preço que chegará em solos tupiniquins. Resta esperar que a vontade do Reggie (representante da Nintendo of America) se concretize, e que tenhamos uma fábrica da Nintendo em nosso amado país.
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