Quem nunca quis saber como seria sua vida se você fosse o Batman, que atire a primeira pedra. Claro, isso é uma coisa impossível de acontecer (desculpe se eu destruí seus sonhos), mais jogando Batman Arkham Origins, já se pode ter um gostinho. Produzido pela Warner Bros. Games Montreal, o jogo é o terceiro da serie Arkham, e te coloca na pele do homem-morcego no começo da sua carreira.

No game, é possível ver um Batman mais jovem do que nos games anteriores da série. Com apenas 1 ano de atividade como justiceiro, Batman é tratado como uma lenda em Gotham City, como se fosse apenas uma brincadeira. É possível ver isso durante alguns diálogos dos criminosos encontrados durante o jogo, que começam a reconhecer a ameaça do cavaleiro das trevas, e a policia começa a ver que não é mais possível esconder a historia sobre o tal “bat man”. A história se passa na cidade símbolo do herói durante a véspera de natal, onde Batman intercepta uma mensagem no radio da polícia sobre uma fuga na prisão Blackgate.

É investigando esse chamado que descobre que agora ele é a pessoa mais procurada no mundo. Black Mask,o então criminoso mais poderoso de Gotham, começa um jogo perigoso que vai transformar o ganhador em uma pessoa rica e famosa. A condição para vencer o jogo? Trazer a cabeça do Batman. E é que assim começa a noite mais longa na vida do homem morcego. E pela primeira vez na sua carreira, você se vê contra o seu maior desafio: enfrentar 8 assassinos que estão dispostos a tudo para acabar com o cavaleiro das trevas.

A mecânica de Arkham Origins é a mesma dos jogos anteriores, com um combate muito fluido e de fácil entendimento, possuindo algumas modificações como a adição de 2 tipos novos de inimigos, novas estratégias (que serão completamente necessárias) mas nada que um de seus gadgets não resolva. Aliás, são muitos, talvez tirando um pouco da magia do jogo. A Shock Gauntlets é uma das grandes responsáveis por isso: escudos, bastões paralisantes, facas, tudo isso e mais um pouco pode ser deixado de lado em função desse equipamento, tirando todo o fator estratégia do combate e transformando a luta em um tipo de botton smashing.

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É pau, é pedra, é bat-rang na testa…

O modo predador está de volta, com a mesma consagrada mecânica anterior, mas com uma pequena falha: ela também possui, por assim dizer, sua “Shock Gauntlets”. Pra quem já jogou algum dos jogos anteriores da série sabe que os confrontos no modo predador são as partes em que você pode realmente se sentir na pele do Batman, com todo o seu treinamento ninja em todos os aspectos possíveis, derrotando capanga por capanga em seus desafios. (Ok, exagerei um pouquinho, mais ainda sim é sensacional!). Em Arkham Origins, o modo predador continua com a mesma mecânica, mas é possível atingir os adversários de qualquer lugar contanto que você tenha visão do inimigo, e usar a sua remote claw para “puxar” o inimigo. Resultado: K.O. instantâneo!

O jogo também possui o challenge mode como nos anteriores, sendo possível acessar na Bat-caverna os diversos mapas e desafios, tanto no modo predador quanto no modo de combate normal. E foram nesses challenges onde eu encontrei a verdadeira diversão de Batman Origins: é possível, de certa forma, customizar alguns handicaps, como tirar os gadgets, diminuir a vida do Batman, deixar os inimigos mais fortes e outras muitas opções, tornando os desafios mais divertidos e muito, mais muito difíceis (vai por mim, tente fazer o 6° desafio do modo predador, sem gadgets, e você vai entender o que eu estou dizendo).

Graficamente falando, o jogo está muito bonito. Gotham está linda com todo seu aspecto sombrio, e é possível reconhecer algumas partes da cidade que estavam presentes em Arkham City, como o tribunal onde você encontra o Duas-Caras. Desta vez a cidade está dividida entre a Old-Gotham (a parte velha e pobre da cidade) e New-Gotham (a parte mais luxuosa), e ligando as duas partes da cidade existe uma ponte que, pode acreditar, vai fazer você querer usar o sistema de fast-travel muitas vezes quando esse está habilitado (durante as missões a opção é desabilitada) , mas nada que o sistema de grappling’n’glide possa resolver, mesmo sendo repetitivo na maioria das vezes.

Umas das coisas mais legais nos games anteriores eram os diversos Easters Eggs espalhados pelo jogo, que possuíam diversas informações sobres os quadrinhos antigos do homem morcego, como vilões e diversos personagens do universo do Batman. Não sei o que deu na cabeça dos produtores e essa maravilhosa feature foi removida do jogo. As únicas referências que eu vi, e que talvez nem possam ser chamados de Easters Eggs, foram alguns cartazes dos Flying Graysons e um container da Queen Industries (pra quem não sabe, essa é a empresa de Oliver Queen, o Arqueiro Verde).

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Deathstroke e Batman, um dos eventos mais legais do jogo.

O jogo realmente mostra o seu potencial nas batalhas contra os chefões, e em particular o duelo contra Deathstroke é cinematográfico. São duelos que mostram o quanto Batman ainda precisa evoluir e que sim, existem vilões que podem tirar o sono do cavaleiro das trevas. Fora os 8 assassinos, ainda existem mais vilões que dão dor de cabeça pro homem morcego, que são enfrentados durante missões no modo free roam, e são chamados de Most Wanteds. As missões são basicamente vá-até-aquele-ponto-X, derrote-os-capangas e pegue-ou-destrua-o-item. Apenas um dos Most Wanteds apresenta uma mecânica diferente, e é um velho conhecido dos fãs da serie: The Riddle (ou mais conhecido nas terras tupiniquins como O Charada). Em Origins ele é chamado de Enigma, e mostra o primeiro encontro entre ele e Batman.

Esse é o primeiro jogo da série Batman que possui um modo multplayer, e sinceramente não foi uma boa escolha. O modo multplayer basicamente consiste em um team match entre 3 equipes: gangue do Bane Vs. gangue do Coringa Vs. Batman & Robin (que só aparece no modo multplayer mesmo). O modo também possui a opção Invisible Predator, que simplesmente consiste em um capture the flag entre os times dos criminosos, enquanto o team Batman deve impedir os outros dois times de controlar as áreas do mapa. Ótima ideia, mas só isso: a jogabilidade com os criminosos é travada e pesada, parecendo mais um third person mal feito. Já com heróis, a jogabilidade consiste na mesma do modo single player, só que ainda mais simples.

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Batman e Robin: juntos só no multiplayer.

Batman: Arkham Origins é aquela velha historia onde o sucessor fica na sombra do antecessor. É um ótimo jogo, mas não como o aclamado Arkham City. Possui seus altos e baixos mas não deixa de ser uma experiência legal para os fãs da série, além de uma origem interessante a um dos maiores heróis já criados.

Trailer de Batman: Arkham Origins: