Sim, nós temos Wii U! Nós, do Bonus Stage, conseguimos colocar as nossas mãos no novo console da Nintendo e preparamos esta análise exclusiva para vocês, com as primeiras impressões sobre este tão aguardado pioneiro da nova geração de videogames.
O Wii U, lançado nos EUA no dia 18 de novembro de 2012, veio em duas versões diferentes ao mercado: o Basic Set, de cor branca, com 8 GB de memória, com o preço de U$299,99; e o Deluxe Set, de cor preta, com 32 GB de memória, incluindo o jogo Nintendo Land e alguns acessórios a mais, como stands para o console ou para apoiar o Gamepad enquanto ele recarrega, tudo por U$349,99. Além disso, comprar o Deluxe Set também permite que você participe de uma promoção na qual você ganha pontos, que podem ser utilizados em futuras compras, cada vez que adquire um jogo em formato digital. Ou seja, por apenas 50 dólares a mais, o Deluxe Set é a versão definitiva do Wii U, certamente a que vale mais a pena obter.
Abrindo a caixa, o primeiro objeto de interesse, é claro, é o Gamepad, a grande novidade no Wii U. Idealizado como uma mistura de controle e tablet, ele lembra muito um DS gigante, com direito a um stylus (canetinha) e tudo mais. Leve, confortável e com uma excelente qualidade de imagem no display, ele pode ser usado tanto como uma segunda tela, com informações diferentes da TV, e com possibilidade de interação pela touchscreen (além de sensores de movimento), quanto como a tela principal do jogo, permitindo que você coloque a TV em outro canal (caso alguém na sua casa queira assistir a outro programa), ou até mesmo desligá-la. Inclusive, ele também pode ser utilizado na função de controle de TV, podendo desligá-la, aumentar e diminuir o volume, etc, tudo para a sua comodidade.
Em poucas palavras, o Gamepad é um ótimo controle que, certamente, abre infinitas possibilidades para os produtores de games explorarem. Mas nem tudo é perfeito: a sua bateria é bastante curta, dura – geralmente – de 3 a 5 horas, e ele precisa ser recarregado na tomada. Você pode continuar jogando com ele enquanto ele recarrega, e o fio é até bastante longo, mas uma bateria que durasse mais tempo seria melhor. Além disso, embora ele funcione sem fio, não pense que você pode levá-lo a outros cômodos (pensou no banheiro, né?) e continuar jogando. No nosso teste, sair do cômodo onde estava o console já foi o suficiente para que o sinal dele ficasse instável ou caísse totalmente.
Quanto ao videogame em si, ele é maior que o Wii, mas ainda menor que o PS3 e o Xbox 360. É bonito e ocupa pouco espaço, especialmente com o stand para colocá-lo de pé. Ao ligá-lo, uma grata surpresa foi ver como opção, entre as 4 línguas expostas no display, o português (e do Brasil!). Isso demonstra que a Nintendo já criou seu console tendo em mente o público brasileiro, mesmo muito antes de lançá-lo aqui (o que está previsto para o primeiro semestre de 2013). Boa notícia para nós e ponto para eles em levar em conta o crescente mercado nacional.
Contudo, logo surge o primeiro contratempo: a atualização de firmware que o console precisa fazer ao configurá-lo e conectá-lo à Internet. Com uma conexão de 5 MB, o download demorou cerca de 1h30, mas tudo depende dos servidores e da velocidade da sua conexão. Aí compensa dar uma volta, bater um papo na Internet, navegar pelo Bonus Stage, etc, enquanto espera pela atualização terminar. Se fosse só isso, tudo bem. No entanto, há relatos, embora poucos, de pessoas que perderam a energia em casa enquanto faziam a atualização e isso fez o console parar de funcionar. Sim, isso mesmo, elas tiveram que trocar por outro. Se a Internet cair, menos mal, você pode recomeçar de onde parou, mas essas histórias não são reconfortantes. Este problema não ocorreu conosco; porém, padecemos de outro problema bastante relatado por outros usuários, e ainda o calcanhar de Aquiles da Nintendo: a dificuldade para se conectar à Internet.
O Wii U tem Wi-Fi embutido, mas as coisas não são tão simples como são com o PS3 e o Xbox 360. Uma tentativa após a outra, e nada do console conseguir acessar a rede. Depois de algumas horas de tentativas e pesquisas por uma solução, foi necessário desativar a proteção de rede e inserir todos os dados da conexão manualmente (IP, gateway, DNS, etc). Só assim que foi possível, enfim, baixar a atualização de firmware. Uma vez atualizado, foi possível reestabelecer a proteção de rede, mas ainda assim era necessário inserir os dados da conexão manualmente, em vez do console obtê-los automaticamente.
É importante ressaltar que este problema não ocorreu com todo mundo. Na verdade, deve ter ocorrido com a minoria. Mesmo assim, é inadmissível, em 2012, que a Nintendo complique tanto a vida de seus consumidores com algo tão simples como se conectar à Internet. Para jogar alguns jogos do Wii online, o mesmo problema ocorreu e, mais uma vez, foi necessário desativar a proteção de rede. Embora a Nintendo tenha um SAC bastante eficaz em resolver problemas (pelo menos lá nos EUA), é frustrante para o consumidor encontrar tantos obstáculos em algo que só deveria trazer diversão. Se a Nintendo não corrigir essas questões e não fornecer uma experiência online que seja fácil e acessível a todos, o Wii U estará fadado ao fracasso.
Apesar desses contratempos, uma vez conectado à Internet, tudo até que funciona bem. Você cria uma conta na Nintendo Network com um apelido (abandonando os Friend Codes do Wii) e pode adicionar seus amigos à sua lista, mas a sua conta, infelizmente, deve ficar limitada a um console. Feito isso, a tela inicial do console te coloca numa espécie de praça, a WaraWara Plaza, onde você vê os posts mais populares que as pessoas colocam sobre o que estão jogando. Muitas, inclusive, demonstram seus dons artísticos com belos desenhos feitos com o stylus. Tudo acaba se integrando ao Miiverse, uma rede social para os usuários do Wii U poderem debater sobre os jogos ou aplicativos em suas respectivas comunidades, numa forma que mescla o melhor do Orkut (com suas diferentes comunidades) e do Facebook (com a possibilidade de curtir o que os outros postaram). A Nintendo tenta manter tudo em bom nível, monitorando para que os usuários evitem palavrões e ofensas, além de spoilers, exceto quando estes vêm com um alerta prévio. E, se quiser, você pode ativar a opção de não ler nenhum spoiler que colocarem.
Outra novidade é o Nintendo eShop, a loja virtual do Wii U. Neste quesito, ponto para a Nintendo: quase todos os jogos lançados junto com o console já estão disponíveis em formato digital, o que é um ótimo começo. O eShop também disponibiliza jogos indie, o que deve crescer bastante no futuro, sendo mais uma boa iniciativa. O lado negativo é a ausência do Virtual Console, disponível no Wii Shop Channel do Wii; ou seja, nada ainda de jogos de consoles antigos da Nintendo. É de se esperar que eles sejam disponibilizados uma hora, mas seria ideal que isso já fosse possível.
Além do Miiverse e do eShop, o Wii U também conta com um navegador de Internet, além de outros aplicativos, como o Netflix e o YouTube. Tudo funciona muito bem, mas o problema é mudar de um aplicativo para o outro. Cada aplicativo que você escolhe leva quase meio minuto para rodar, o que é cansativo depois de um tempo, tornando a navegação pelo console bem devagar, quase parando (no dia 5 de dezembro, houve outra atualização de firmware que pretendia diminuir esse tempo de espera, o que melhorou um pouco, mas não muito).
E como foi citado, sim, você pode usar o seu Wii U para rodar jogos do Wii. Na verdade, o Wii U tem retrocompatibilidade com praticamente tudo do Wii, jogos e acessórios. A má notícia é que você não emula os jogos, é preciso entrar no modo Wii, deixar o Gamepad de lado e voltar a usar o Wii Remote (e se você não tem um, é preciso comprar). Seria muito legal se fosse possível usar o Gamepad para os jogos do Wii também, mas, infelizmente, não há como. Se você tem o Wii e quer transferir o conteúdo dele para o Wii U, isso é possível, só que, mais uma vez, a Nintendo torna tudo complicado e trabalhoso. Você também pode acessar o Wii Shop Channel neste modo, o que te faz perguntar por que diabos a Nintendo ainda não integrou as duas lojas virtuais e as mantém separadas.
Mas peraí, está faltando algo. E os gráficos? Sim, o Wii U é o primeiro console da Nintendo a rodar em 1080p (Full HD) e estava mais do que na hora. Os gráficos dos jogos, principalmente aqueles que também têm versões em outros consoles, não diferem muito dos gráficos no PS3 e no Xbox 360. A princípio, para um console novo, em comparação a outros no mercado há pelo menos 6 anos, isso pode parecer decepcionante. E quando surgirem o PS4 e o Xbox 720, eles, com certeza, terão gráficos bem superiores. Porém, é difícil de imaginar que há muito mais o que se fazer em termos de realismo nos games, e pelo menos o Wii U não vai sofrer com as limitações que o Wii impunha aos produtores de games, fazendo com que os jogos mais “adultos”, com gráficos mais realistas, ficassem, no geral, limitados aos consoles da Sony e da Microsoft. Um sinal de que a Nintendo quis corrigir o rumo foi ter Assassin’s Creed III, Mass Effect 3, Ninja Gaiden 3 (tudo 3?) e o exclusivo ZombiU entre os jogos a serem lançados junto com o console. Nada de infantilidade com esses aí.
Por fim, resta a pergunta: vale a pena ter um Wii U? Talvez. Ainda é muito cedo para dizer se o console da Nintendo será bem-sucedido ou não, então a melhor sugestão é aguardar. Primeiro, para que a Nintendo resolva os problemas técnicos do Wii U e já lance o console com as últimas atualizações de firmware instaladas. Segundo, para ver os jogos que vão ser lançados no futuro. Os primeiros jogos que saíram junto com o console são, no geral, bons, mas nada muito impressionante. Resta saber o que a Nintendo vai fazer em relação às suas principais franquias, como Mario, Zelda, etc. E, claro, por fim, é bom esperar por um preço mais razoável para nós brasileiros. Se alguém puder trazer o console dos EUA para você, ótimo, mas pagar uns R$ 2.000 é impraticável.
Mesmo assim, não há muitos motivos para desânimo. Todos os consoles têm seus problemas no começo, e se a Nintendo usar suas cartas corretamente, o Wii U tem um grande potencial, tanto para os produtores quanto para os gamers. E é claro: nunca subestime a Nintendo. Quando todos acharam que ela fracassaria com o Wii, o seu console revolucionou o modo de jogar videogames e foi o grande vencedor desta última geração. Então aguarde, mas aguarde com entusiasmo. Ou a Nintendo já decepcionou você antes?