Amanhã é o grande dia, o lançamento oficial do PS4 nos EUA. E pra não deixar a poeira baixar, na semana seguinte é o lançamento do Xbox One. De acordo com os principais revendedores norte-americanos, os dois já batem recordes de pré-vendas, e a expectativa é que ambos se esgotem rapidamente. Mas apesar de toda a hype com esta nova geração de consoles, fica a pergunta: será que vale mesmo a pena comprar os dois consoles logo em seu lançamento? Sem querer tirar o cavalinho da chuva de ninguém, temo dizer que a resposta é “não”. Vejamos os motivos.

Se os boatos dos revendedores forem verdade, no momento, o PlayStation 4 está na dianteira no número de pré-vendas. Muito se deve à excelente apresentação da Sony na E3, mostrando um console mais potente e bonito, rebatendo as limitações impostas ao Xbox One pela Microsoft naquela época, focando seus esforços nos jogos, e tudo por um preço menor do que o concorrente. Mesmo assim, toda a ansiedade pelo novo console da Sony pode acabar em decepção. Isto se deve à fraca lista dos jogos a serem lançados junto com o console, ainda mais considerando que a maioria também está disponível para o seu antecessor. Talvez o lançamento que seria o mais interessante deste fim de ano para o PS4 (entre outras plataformas), Watch Dogs foi adiado para a metade do ano que vem, enquanto Driveclub, este sim somente para o novo console da Sony, e que era para ser disponibilizado de graça para os usuários da PS Plus, também ficou para 2014.

Depois destas perdas, não sobrou muito para a Sony apresentar, especialmente entre os exclusivos. Knack, um game exclusivo de plataformas, não apresenta nada de novo ao gênero, e nem mesmo o visual chega a impressionar. Talvez o game que chame mais a atenção seja Killzone: Shadow Fall, e mesmo assim, embora os belos gráficos sejam uma boa introdução ao potencial do PS4, não deve ser um jogo que agrade todo mundo. Ainda restam os indies, como Resogun e Contrast, que podem entreter por algum tempo, mas o próximo grande jogo a ser lançado, Infamous: Second Son, só sai em fevereiro de 2014. Assim, serão alguns meses de seca até que surjam mais boas opções para quem comprar um PS4 agora.

(Nós testamos o Playstation 4 durante a Brasil Game Show 2013, assista a nossa video review!)

O Xbox One, por outro lado, se viu prejudicado pelas limitações iniciais que a Microsoft quis impor, como as restrições para jogos usados, a necessidade de manter o console sempre online, o Kinect sempre ligado, etc. A reversão destas políticas ajudou a melhorar a sua imagem, o que, junto ao lançamento conjunto de games mais chamativos e impressionantes que os de PS4, como Ryse: Son of Rome, Forza 5, Dead Rising 3 e Killer Instinct, deve garantir um bom começo também para a Microsoft.

Entretanto, mesmo com uma lista inicial mais atraente de jogos, a Microsoft ainda padece do mesmo mal de não ter nada de muito interessante para o horizonte próximo. Além disso, a atitude contraditória de primeiro anunciar uma série de imposições ao Xbox One e revertê-las após sua impopularidade coloca em dúvida a palavra da empresa. Quem garante que, no futuro, uma vez que muitas pessoas já tenham comprado o console, a Microsoft não decida voltar ao plano inicial? É uma insegurança com a qual os proprietários de um Xbox One terão que conviver por um bom tempo.

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E ainda há outro grande risco que envolve ambos os consoles: problemas técnicos envolvendo as primeiras remessas. Não é incomum que os primeiros consoles a serem lançados no mercado venham com alguns problemas inesperados, tanto para os consumidores quanto para os fabricantes. O PS4 nem foi lançado oficialmente e já correm notícias da entrega de consoles defeituosos para aqueles que tiveram o privilégio de recebê-lo antes da hora. De acordo com uma matéria da IGN, alguns “felizardos” que tiveram acesso ao console antes de seu lançamento oficial relataram problemas com a saída de HDMI, não recebendo o sinal. E até o console recebido pela própria IGN enfrentou problemas, parando de funcionar após uma de suas atualizações. Nada que deixasse uma primeira boa impressão.

Embora seja um começo nada satisfatório para a Sony, isso não é privilégio do PS4, já que muitos consoles enfrentam problemas de hardware no início. Afinal, quantos proprietários de um Xbox 360 não tiveram que lidar com o famoso “Red Ring of Death”, as três luzes vermelhas? E ninguém garante que o Xbox One também não demonstre falhas técnicas nas suas primeiras remessas. A pressa em entregar um grande número de unidades a tempo de seu lançamento pode comprometer a qualidade final do produto, o que é injustificável, mas acontece. Portanto, todo e qualquer gamer deve ter isto em mente e considerar o risco de enfrentar falhas ou simplesmente uma curta vida útil de seu console ao comprá-lo logo no início.

Há ainda uma última questão, especialmente para nós brasileiros: o preço. Nem é preciso lembrar o valor de um PS4, mas mesmo o Xbox One sendo vendido a um preço mais realista, considerando o peso dos nossos impostos, R$ 2.299,00 também não é o que se chamaria de “acessível”. É claro, há outras formas de adquiri-los, seja indo aos EUA, ao Paraguai, ou até mesmo ao “Xing Ling” mais próximo de você. Ainda assim, a tendência do preço é cair em 1 ou 2 anos, e considerando que a maior parte dos grandes jogos só vai ser lançada então, esperar pode ser a melhor pedida.

Portanto, caro gamer, controlar a ansiedade é difícil, e a vontade de causar inveja aos seus amigos também, mas se há uma recomendação a ser seguida é a de sempre aguardar um pouco a aquisição de um console de nova geração. É claro, se você está a passeio nos EUA, encontra um destes consoles dando sopa na loja, e já tem a intenção de comprá-lo depois, talvez faça sentido aproveitar a oportunidade. Pelo contrário, como diz o velho ditado, a paciência é uma virtude.

Ah, e alguns de vocês podem perguntar: e o Wii U? Bem, este fica para uma próxima matéria!

 

Entusiasta de jogos eletrônicos desde suas primeiras lembranças, acredita que, mais do que produtos de entretenimento, games são uma forma de arte. Fã de jogos de estratégia e de aventura, além dos clássicos, quando não está trabalhando como tradutor, estudando ou debatendo os problemas mundiais, tenta expandir a sua lista de RPGs terminados, seu gênero favorito.