Hoje vamos falar sobre um projeto nascido em uma KickStarter: o console de mesa Ouya. Contando com uma ideia revolucionária e sem um tostão no bolso, os desenvolvedores abriram a cabeça para que os futuros jogadores ajudem como investidores para que o console nasça em um mercado que já conta com três gigantes: Microsoft, Nintendo e Sony. E você entenderá a proposta revolucionária deles.
O Ouya trás a proposta de se criar um console open-source, contando com o Android 4.0 (Ice Cream Sandwich, o sistema operacional da Google para smartphones e tablets) como seu “cérebro”, onde todos podem desenvolver seus jogos. Sim, vocês leram corretamente: a ideia dos criadores do projeto é que o valor do devkit seja tão baixo que qualquer um possa ter o seu e, com isso, mais jogos possam surgir. A idéia ganha força por novas empresas de jogos voltados para smartphones e tablets terem nascido justamente por isso, como a Rovio, criadora de Angry Birds.
A idéia do Ouya é que tudo seja customizável. Na página da Kickstarter – que vocês podem conferir clicando aqui – eles deixam claro que você não perderá a garantia caso queira desenvolver até seus próprios periféricos, seja utilizando a entrada USB ou BlueTooth. Na verdade eles incentivam isso para que a idéia realmente engrene, e eles acreditam que o apoio dos usuários avançados será fundamental para a total exploração do console.
A idéia foi um tremendo sucesso, conseguindo o surpreendente valor de 2 milhões em dois dias de projeto, já batendo a meta pré-estabelecida de 950 mil dólares e alcançando a maior arrecadação do Kickstarter em tão pouco tempo. Hoje, faltando 24 dias para o final do projeto, já conseguiram o valor de US$ 4.823.345,00. Levando em consideração que é um projeto iniciante, com o foco no público, é um valor realmente elevado, que pode influenciar diretamente na qualidade final do projeto.
A especificação do console chama muita atenção: processador Quad-Core Tegra3 com 1GB RAM, 8GB de memória interna flash, conexão HDMI para a TV com suporte a 1080p HD, WiFi 802.11 b/g/n e Bluetooth LE 4.0, uma porta USB 2.0, sistema operacional Android 4.0. O controle do Ouya é wireless, com dois analógicos, d-pad, oito botões de ação, botão de sistema e um TouchPad.
Agora, o que realmente interessa: os jogos. Grandes empresas já abraçaram a idéia, inclusive algumas com grande reconhecimento: Minecraft já está confirmado para o console, e jogos como Canabalt e ShadowGun também contam com a presença no Ouya. Imaginou jogar esses jogos em uma TV de 50’, com suporte a HD? Pois é, essa é a idéia deles, e com uma “dashboard” simples e funcional.
Com tudo isso, o esperado seria um valor meio “caro”, não? Aí é que eles nos surpreendem: a idéia é que o console custará apenas 99 dólares, sendo um dos preços mais baixos para um console já criado.
Para aqueles que não conhecem o sistema KickStarter, a partir do momento em que você doa um valor acima do proposto, você recebe um “prêmio” de desenvolvimento. O pacote “básico” – que pede que você doe qualquer valor acima de 10 dólares – entrega ao financiador a garantia do username reservado. Doando acima de 95 dólares você já receberia o console, tendo que pagar 20 dólares a mais para o envio para qualquer lugar fora dos EUA. Mais 30 dólares e você receberia o segundo controle. Doando 225 dólares você receberia o console, os dois controles com seu username gravado neles, além de todas as recompensas anteriores (username, emblema de fundador, valores de envio). Para os chamados “anjos” (aqueles que doarem mais de 10 mil dólares) todos os consoles da primeira produção terão seus usernames gravados no console, além de um convite para um jantar particular com os desenvolvedores e designers do console, com um acompanhante. E claro, amor eterno deles por você. Tentador.
O video abaixo mostra um pouco mais sobre o console, e não deixem de acompanhar o Ouya em sua página no Kickstarter:
O Futuro com Ouya
Como vocês sabem, eu gosto de imaginar como o mercado dos games ficaria a cada “avanço”, e a entrada do Ouya causaria uma revolução se ele viesse com toda essa força. Quem já desenvolveu seus próprios jogos para RPG Maker certamente teve uma sensação de nostalgia e esperança com a possibilidade de criar seus próprios jogos. Tudo isso no sistema “free-to-play”.
Sim, a idéia é que exista alguma forma dos jogadores terem como jogar gratuitamente os jogos. Seja via demo, seja via gameplay de teste, ou com o sistema Freemium, a idéia é popularizar o console, trazendo jogos já aclamados do Android (e também, novos jogos) para a televisão. Isso realmente pode indicar um novo cenário, aonde não teremos a “extinção” do sistema atual de jogos, mas sim modificando o mundo atual, trazendo mais uma opção para quem quer algo diferente do que já temos hoje.
Agora, tenho que colocar na mesa algumas observações que fiz, levando em consideração o mercado de smartphones e de tablets. Caso vocês não estejam acompanhando, a Apple resolveu atacar de frente a Samsung, levando a briga para os tribunais, chegando a impedir a venda de alguns produtos Samsung em vários países do mundo. E vocês agora devem estar se perguntando o porquê de eu ter trazido esse assunto à pauta. Vocês entenderão agora.
Algumas semanas atrás, a Motorola resolveu atacar a Microsoft com unhas e dentes. Entrou com diversas ações de quebra de patente contra a empresa, muitas delas com fortes pretensões. Até aí nada novo, afinal a Microsoft está no mercado de smartphones. Porém, ela está com a Nokia como hardware para seu sistema operacional.
O problema é que a Motorola tenta impedir a venda do Xbox 360 nos Estados Unidos., ou seja, querem que a Microsoft pare de vender seu console de mesa nas terras americanas. Só para encerrar essa primeira parte, a Motorola foi recentemente comprada pela Google. Conseguem enxergar agora o cenário que está se formando?
Pode ser que o projeto do Ouya esteja, de alguma forma, com o Google sendo um dos financiadores. Faria bastante sentido, ainda mais com essas ações da Motorola tentando bloquear um dos grandes desenvolvedores do mercado dos games. Pode ser um tiro no escuro, mas a Google pode estar querendo entrar (através do Ouya) no mercado dos games, deixando sua marca em maior evidência. Se isso realmente acontecer, a Google pode não apenas entrar com uma imensa força no mercado dos games (afinal, preços baixos, jogos de valores excelentes e um console que terá um apelo de cada um fazer seu próprio jogo), mas acabar trazendo diversos desenvolvedores de jogos para smartphones para o mercado, aumentando ainda mais a variedade de jogos disponíveis. Assim, ela conseguiria uma notoriedade até no mercado de smartphones e tablets, por causa dos jogos que sairiam para o Ouya. Com os devidos ajustes, eles também sairiam em dispositivos Android portáteis.
Claro que essa é uma visão extremamente otimista, mas é realmente um futuro diferente do esperado para os consoles. E o que você acha disso?
