Quando a Disney anuncia uma nova animação, é impossível negar duas coisas: em primeiro lugar, a sua qualidade gráfica que ano após ano nos surpreende cada vez mais; e em segundo lugar, uma história que mesmo apelando ao público infantil e usando um tema específico, atinge todos os públicos. Sim, infantil. Por mais que os roteiros pareçam simples, ele possui a sua complexidade em transmitir uma mensagem, e não importando a idade vai agradar o nosso lado infantil – a prova disso é ouvir vários conhecidos com mais de trinta anos que se emocionaram ao assistir Toy Story 3.

A bola da vez é Detona Ralph (Wreck-It Ralph, no original), a nova animação da Disney que chega oficialmente aos cinemas brasileiros hoje (4 de Janeiro). Desde a sua divulgação até o lançamento de seu primeiro trailer, Detona Ralph chamou a atenção não por ser uma animação em 3D, mas por ser baseada em jogos de video-games. E uma vez que você é um jogador assíduo – ou, se preferirem, um gamer – é impossível não ver o filme com esses olhos.

Com roteiro de Rich Moore (que já dirigiu episódios de Futurama e Os Simpson), o filme conta a história de Ralph, vilão de um jogo de fliperama que procura um pouco de reconhecimento depois de 30 anos confinado à sua rotina de destruir o prédio/cenário do seu jogo, quando o herói Felix Jr. recebe todas as glórias. Cansado dessa vida, Ralph decide provar o seu valor e se aventura em outros jogos e conseguir provar, ganhando uma medalha igual a Felix Jr., que é capaz de também ser um herói, e acaba enfrentando os mais estranhos tipos de obstáculos e encontrando outros personagens no decorrer de sua jornada, como a rejeitada Vanellope e a líder de um first player shooter Calhoun. Por abandonar o seu jogo, ele coloca em risco a sua própria vida e a de Felix Jr. e os outros personagens quando seu arcade corre o risco de ser desligado para sempre, criando mais contratempos em sua jornada.

Obviamente o que chama mais a atenção em Detona Ralph são as inúmeras referências a jogos e video-games que aparecem durante o filme. Você não precisa ser um jogador pra conhecer todos, é claro, mas se você tem mais de vinte anos vai reconhecer muitos deles. Um destaque para as primeiras cenas, onde Ralph se encontra com outros vilões de jogos em uma reunião no estilo “Vilões Anônimos” onde relatam suas vidas e seus problemas pessoais – o depoimento de Zangief (da série Street Fighter, caso você não saiba) é uma das cenas mais divertidas do filme pra quem entende do assunto. Detona Ralph segue uma referência clara ao jogo Donkey Kong, que também completou 30 anos (você pode perceber isso até na arte do fliperama de Fix-It Felix Jr.) e popularizou os personagens Donkey Kong e Mario. Outras referências a jogos bem conhecidos também são comuns no filme: Pac-Man, Tapper, Sonic, Super Mario, Street Fighter, o clássico (e esquecido) Q-Bert, e por aí vai, desde músicas, efeitos sonoros e cenários. E acredite, você vai se divertir ao ver tudo isso através da arte impecável da Disney.

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“Eu sou mau, e isso é bom”. Conhece algum deles?

Mas como não poderia deixar de ser, Detona Ralph segue o mesmo ‘padrão’ das animações da Disney no decorrer de sua história. Assim como em Toy Story, Procurando Nemo, Os Incríveis e basicamente todos as outras animações já produzidas, Detona Ralph mostra a visão do personagem no ambiente que se encontra, e é aí que a Disney ganha todos os pontos por explorar um cenário que ainda não tinham trabalhado antes: jogos e video-games. Você pode afirmar –  eu irei concordar – que as animações da Disney sempre leva uma mensagem pessoal às pessoas, que vão desde lealdade, amizade e companheirismo, e Detona Ralph não é diferente: é uma história de reconhecimento que nos mostra que não importa qual seja a nossa função em qualquer ambiente, somos importantes para aquele meio. Ver a jornada de Ralph e o companheirismo entre Vanellope na busca de reconhecimento, e a parceria de Calhoun e Felix para fazerem seus papéis de heróis emociona e diverte, independente se você seja uma criança ou um adulto que cresceu jogando jogos da era 8-Bits durante sua infância.

O único problema que o filme enfrenta é a sua dublagem. Se engana quem achar que este é um ponto negativo ao filme, pois a dublagem está muito boa como geralmente deve ser nas animações, e as vozes de Tiago Abravanel (Ralph) e Rafael Cortez (Felix) caem perfeitamente nos personagens, apesar da VJ e ex-fotologger Mari Moon fazer um trabalho razoável como a voz de Vanellope. O verdadeiro problema é, como de costume da Disney, a falta de sessões do filme legendado (em São Paulo encontramos apenas uma única sessão nesse formato), exibindo o seu ‘áudio original’ que recebeu as vozes dos atores John C. Reilly (Ralph), Sarah Silverman (Vanellope), Jack McBrayer (Felix Jr.) e Jane Lynch (Calhoun) – não só as vozes, já que os personagens são parecidíssimos com eles.

Detona Ralph é incrível, e é impossível não se divertir com o que só a fábrica de sonhos que é a Disney pode criar. O filme já ganhou indicações para o Globo de Ouro e PGA Awards para a categoria de melhor animação, além de já garantir uma sequencia no futuro – inclusive com a participação de Mario. Uma verdadeira homenagem a jogos e video-games que fizeram (e fazem) parte da nossa vida, e expressa com maestria a diversão que sempre nos proporcionaram, além de uma lição sobre reconhecimento. A mensagem é simples e poderosa: ‘um jogo de cada vez’, e seja você o herói ou o vilão, somos todos importantes. Nota 10.

Trailer de Detona Ralph:

[Atualizado: erramos em publicar que o filme foi produzido com parceria da Pixar, o filme foi todo produzido pelo Walt Disney Studios e já tomamos nota. Obrigado a todos que nos avisaram nos comentários!]