O cenário é janeiro de 2011, aonde poucos jogos realmente faziam valer seus preços, e a AppStore estava começando a entrar em um marasmo. Mesmo com o crescente número de iGadgets disponíveis, não havia aparecido nenhum jogo que redefinisse o mercado atual. Mesmo Infinity Blade não havia conseguido mostrar ao que veio, com seu estilo de jogo ainda limitado a cortes na tela. E foi então que uma empresa que já estava acostumada com apps voltados para o público gamer resolveu espremer até a última gota de uma idéia inovadora. E essa idéia se chama Battleheart.
A idéia por trás de Battleheart já era inovadora por si só: misturar a capacidade de gerenciamento de unidades de um RTS (sigla para Real-Time Strategy, ou Estratégia em Tempo Real) com a jogabilidade de um Action-RPG. Seria como um filho de uma relação apaixonada entre Age of Empires e Diablo. E com a beleza de um primogênito, esse título da empresa Mika Mobile apareceu e deu uma nova cara, novas roupas e um novo ar para os jogos da AppStore.
Battleheart tem uma premissa simples: você é o general que foi escolhido pelo Rei para livrar aquela terra dos males que estavam assolando-a. E, para isso, você recebe a ajuda de Lucille, uma Cleric e Sir Shepherd, um Knight. Após a introdução e conversas iniciais, eles orientam você sobre como deve ser utilizado o sistema de batalhas e movimentação. E foi aí que a Mika Mobile mostrou sua genialidade: todos os comandos são realizados através de linhas traçadas na tela. Nada de direcionais flutuantes, nada de botões atrapalhando o cenário, apenas arrastar linhas pelo cenário, focando inimigos e aliados. E tudo isso feito utilizando a simplicidade da Unity Engine.
Como todo bom RPG, o jogo conta com vários tipos de classes: Knight (como Shepherd), é a classe básica melee, e por usarem as armaduras pesadas do jogo são aqueles responsáveis pela linha de frente de qualquer ataque, que envolvem técnicas de defesas e ataques com o escudo; Cleric, focados exclusivamente em cura e outras habilidades como invencibilidade temporária e melhoria de atributos do seu grupo, tornando a personagem Lucille necessária para qualquer situação; Rogue, a classe furtiva, com suas habilidades obscuras e voltadas a envenenamento dos oponentes, podendo provocar danos mais altos do que os Knights, além de um alto poder de esquiva; Wizard, a primeira das classes mágicas dotados de poderes devastadores que variam entre a utilização de meteoros, nevascas ou paradas de tempo temporárias; Witch, podendo se recuperar com habilidades que drenam as forças vitais dos inimigos, além de ter habilidades que invocam o medo em seus adversários, com habilidades semelhantes aos Wizards; Bard, que não conta com ataques regulares a inimigos, mas cede seus atributos para seus aliados; Monk, que conta com habilidades que dificultam a vida dos inimigos, seja atacando todos ao mesmo tempo ou derrubando-os ao chão, além de também ter a habilidade de não ser tocado pelos inimigos por um tempo determinado; Barbarian, sendo uma das classes mais fortes do jogo e que exige uma preparação especial para jogar com ela, contando com golpes como pulos, ou ataques desesperados que também causam dano em si mesmo, além de ataques de a fúria; Ranger, que se tornou disponível depois do lançamento oficial do jogo, em uma de suas atualizações, com possibilita danos mais altos do que o normal e atacando a uma distância segura graças a suas habilidades com arco e flecha; e Paladin, que conta com habilidades de cura e habilidades que derrubam os monstros no chão, curando os aliados ao mesmo tempo, além do uso de espadas e as melhores armaduras do jogo.
O jogo conta com diversos tipos de armas, específicas para cada classe, e que vão até a Fileira 9, aumentando a qualidade da arma. Da fileira (ou Tier, como é chamada no jogo) 1 à 7, você pode conseguir facilmente, fazendo o upgrade da arma escolhida, ou comprando no mercado. Já das fileiras 8 você consegue apenas através das arenas, ou como recompensa pela morte do último Boss. O último ranking de armas só pode ser conseguido através de placares altos nas duas últimas arenas. E o mesmo serve para armaduras, com a diferença que o Tier 2, 5 e 8 não existem para nenhum dos tipos. A única forma de conseguir as armaduras lendárias é gastando um bom tempo nas arenas.
A customização dos elementos não fica apenas na escolha de armas e armaduras (sendo que apenas a primeira é que tem efeito visual), mas também pra escolha de Trinkets, que liberam várias habilidades aos jogadores. Sejam elas aumento de experiência, de dinheiro recebido no final do cenário, aumento da cura recebida, diminuição de tempo de espera entre habilidades, recuperação automática de energia, aumento da velocidade de ataque e conjuração, entre outros. Com dois slots para acessórios, você pode investir pesadamente em uma dessas habilidades, ou cobrir duas falhas de seu personagem.
E, como todo bom RPG, temos as árvores de habilidades. Você começa com uma e, a cada 5 nívels, com o limite de habilidades aprendidas sendo o nível 30 (totalizando 7 habilidades), você aprende uma nova. Essas habilidades variam entre ativas, que provocam mudanças no cenário, ou passivas, que melhoram seu personagem, ou dão mais funções para aquela habilidade especial do mesmo. São três habilidades ativas e quatro passivas, garantindo que você precisará subir até o nível 30 com cada personagem para customização total.
O mundo principal é dividido em três cenários, que contam com batalhas contra inimigos, que vão progredindo de dificuldade, até enfrentar o Chefe daquela área. São cinco Bosses, com seus tipos de habilidades únicas e com formas diferentes de se lutar e vencer. Além disso, o jogo conta com três arenas em modo endless, aonde seu desempenho é fator decisivo para conseguir os melhores itens do jogo. Cada arena tem monstros específicos, e a curva de dificuldade é bastante alta, chegando a ser insanamente possível após você matar centenas de inimigos.
Esse jogo, com todos esses atributos, com todos os fatores que fazem você jogar repetidas vezes o mesmo cenário para conseguir aperfeiçoar o nível de seus personagens, é uma jóia rara na AppStore. O jogo é tão bom, que criou dezenas de cópias disponíveis como modelos Freemium, mas fugindo do principal, que é manter o ritmo de um jogo inteligente, mesmo sendo simples e com gráficos básicos. Muitas cópias pecam nesses detalhes, tornando a diversão nada próxima ao original. E você acaba testando-as por 10 minutos apenas para voltar a jogar Battleheart com mais vontade ainda.
O mais impressionante é que Battlehearts é um jogo do início de 2011, que já deveria estar “datado”, pela incrível velocidade de nascimento de empresas mobile com idéias milionárias, mas o jogo mantém o bom ritmo, além de conseguir superar todos os clones que saíram utilizando sua fórmula. Definitivamente um título a ser adicionado a sua biblioteca de aplicativos no iOS e Android.
Esse app é bem interessante, pois conta com três slots de save. Ou seja, você e mais duas pessoas podem jogar no mesmo dispositivo sem que uma estrague o gameplay da outra. Além disso, é um dos poucos jogos que contabiliza o tempo de jogo. O jogo conta com uma trilha sonora agradável e que pode facilmente ser substituída pelas suas músicas preferidas, não atrapalhando em nada o gameplay. O fator de replay também é bem coberto, com a necessidade de ir no mínimo 28 vezes às arenas para conseguir todo o equipamento necessário para que seus personagens fiquem com o melhor setup possível. Os gráficos, como já falei antes, conseguem ser simples e extremamente belos, além dos efeitos da habilidades serem extremamente bonitos em uma tela de alta densidade de pixels. Outro ponto forte é a completa ausência de In-App Purchases, que não força você a abrir sua carteira para que tenha os melhores itens do jogo. Ponto positivo para a Mika Mobile mais uma vez.
Pra mim, o único ponto negativo nesse jogo é o fato de ele não contar com suporte ao GameCenter do iPhone. Sem estatísticas, sem desafios, sem comparações com os placaras das Infinite Arenas dos amigos, e também a ausência de um suporte a iCloud para sincronizar seus saves em outros dispositivos. São adições que não estragariam em nada o jogo se fossem habilitadas, e é algo que a Mika Mobile deveria fazer, ainda mais com o lançamento anual de dispositivos novos das duas empresas de smartphones e tablets.
Abaixo o trailer com o gameplay do jogo, mostrando as principais funções e sistema de jogo:
A versão do iOS custa US$ 2.99, pesa 62MB, é universal – pode ser jogado tanto em iPod Touchs e iPhones, além de iPads – e é compatível com dispositivos usando o iOS 4.3 e já estando otimizado para o iPhone 5, você pode encontrá-lo clicando aqui. Ele também pode ser encontrado na Google Play, custa os mesmos US$ 2.99, que atualizado pelos valores brasileiros sai por R$ 6,07, pesa 46MB e requer dispositivos utilizando o Android 2.0.1 ou superior e pode ser comprado seguindo esse link.
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